Américo Azevedo Neto, aos 81 anos, não é apenas um nome, mas uma lenda viva da cultura maranhense.
Poeta, cronista, romancista, jornalista, homem de teatro e membro da Academia Maranhense de Letras, Azevedo tem dedicado sua vida à promoção e preservação das tradições culturais de seu amado Maranhão.
Agora, ele assume um novo papel: o de ativista, protestando contra o declínio do governo estadual em relação à cultura local.
À frente da Secretaria de Cultura do Governo do Maranhão, Américo Azevedo iniciou uma greve por tempo indeterminado.
Seu objetivo é claro: denunciar o calote descarado que o governo tem aplicado contra os artistas da terra.
Este ato de coragem não é isolado; é um reflexo da indignação acumulada de um homem que, durante anos, serviu ao estado e à cultura maranhense em diversas áreas.
Foi secretário municipal e estadual de cultura, diretor de turismo em São Luís e diretor do órgão turístico do Nordeste.
Desde que Carlos Brandão assumiu o governo do Maranhão, a cultura ficou de lado.
Enquanto os cofres públicos são usados para financiar em milhões de reais os mega-shows com artistas de fora, os talentos locais, que realmente representam a alma do Maranhão, são ignorados e discriminados.
No carnaval deste ano, por exemplo, enquanto os blocos carnavalescos de São Luís ficam sem pagamento, shows extravagantes como o de como Alok, Belo, Chiclete com Banana, Cláudia Leitte, É o Tchan e tantos outros são promovidos com pompa.
Todos receberam seus cachês milionários antes mesmo de subir ao palco.
O mesmo acontece durante o São João, onde os grupos folclóricos, como os bumba-meu-boi, que movimentam o turismo, geram empregos e renda na economia da ilha, são deixados à margem e à míngua.
Há ofertas de grupos folclóricos que até agora não receberam seus caches do São João passado.
No início deste mês de maio, o governador Carlos Brandão liderou uma comitiva para o lançamento do chamado “Maior São João do Mundo 2024″ no Hotel InterContinental em São Paulo, como forma de promover a festa maranhense.
No entanto, Brandão e o seu péssimo secretário de Cultura Yuri Arruda Milhomem, tratam com indiferença e discriminação os grupos folclóricos do Maranhão que fazem a festa e que ficam no prejuízo sem receber o que lhes é devido.
É nesse contexto que o protesto de Américo Azevedo ganha ainda mais relevância. Aos 81 anos, ele se ergueu como única voz no Maranhão para se levantar em defesa da cultura de um povo.
Sua dedicação incansável e sua paixão pela cultura local são exemplos a serem seguidos.
Seu protesto é mais do que uma simples greve; é um chamado à ação, uma demanda por respeito e valorização da rica herança cultural do estado.
Américo Azevedo Neto não luta apenas por si mesmo ou pelos artistas de hoje, mas também pelo futuro da cultura maranhense.
Que o governador Carlos Brandão seja mais responsável. O Maranhão nunca será o “Maior São João do Mundo” com essa política do calote, do desrespeito e da discriminação contra quem faz a cultura maranhense.
Por enquanto, quem ocupa esse lugar de honra do Maior São João do Mundo é Campina Grande, na Paraíba, que sabe tratar seus artistas com respeito e dignidade. O resto é conversa pra boi dormi.