De acordo com um recente levantamento realizado pela Fundação Perseu Abramo, uma em cada quatro mães brasileiras foram vítimas da violência obstétrica em todo o território nacional. O Distrito Federal faz parte desse triste mapa.
LEIA MAIS
Disputa política eleitoral de 2022 pode enterrar a CPI da Pandemia da Câmara Legislativa
É o que aponta um levantamento realizado pela deputada distrital Julia Lucy (NOVO), chefe da Procuradoria Especial da Mulher da Câmara Legislativa.
“A violência obstétrica no DF ocorre em patamares elevadíssimos, números que não podem continuar sendo ignorados pelo poder público”.
Essa foi a reação da deputada Jula Lucy (foto) diante do sobre esse tipo de crime que ocorre dentro dos hospitais públicos e privados do Distrito Federal.
LEIA AINDA
Ibaneis Rocha elogia o presidente e diz que Jair Bolsonaro está muito bem
Em uma pesquisa online realizada pela Procuradoria Especial da Mulher da Câmara Legislativa revelou que das 338 mulheres que preencheram os formulários disponibilizados na internet, 203 delas sofreram violência obstétrica na hora do parto o que equivale a 60% das entrevistadas.
No total, 25% sofreram alguma violência psicológica; 15% passaram pela Manobra de Kristeller (técnica banida pela OMS de alto risco para mãe e bebê); 17% receberam ocitocina (hormônio utilizado para acelerar as contrações); 18% foram proibidas de terem acompanhantes; e 25% relataram atendimento com grosseria ou impaciência pelos médicos.
Júlia Lucy conclui, diante dos relatos recebidos sobre casos de violência obstétrica no DF, que se faz necessário uma urgente intervenção do poder público em adotar politicas publicas para coibir esse crime.
Os relatos de mulheres colhidos por Lucy resumem um pouco da dor e da humilhação que sofreram na assistência ao parto tais como comentários agressivos, xingamentos, ameaças, discriminação racial e socioeconômica, exames de toque abusivos, agressão física e tortura psicológica.
“A Procuradoria da Mulher da Câmara Legislativa está atenta e trabalhando para coibir esse crime. Vamos iniciar agora uma campanha de conscientização e combate à violência obstétrica e o estabelecimento de protocolos de fiscalização em hospitais e maternidades. Trabalhamos para assegurar a segurança e a dignidade dessas mães e crianças” – ressaltou a deputada.
Entenda o que é violência obstétrica e como denunciar
Assim como a maioria dos casos de violência contra a mulher, a maioria das mães sofre caladas.
Não denunciar e não fazer com que o profissional seja responsabilizado pela violência que praticou é uma forma de manter o ciclo violento, pois é provável que outras mulheres passem pela mesma situação.
Para que não haja dúvida,segue abaixo algumas situações que podem ser caracterizadas como violentas, segundo o Ministério da Saúde:
Ser submetida a uma lavagem intestinal e/ou restrição de dieta;
Ser vítima de ameaças, gritos, chacotas, xingamentos e piadas;
Quando há omissão de informações, desconsideração dos padrões e valores culturais das gestantes e parturientes, e divulgação pública de informações que possam insultar a mulher;
Quando a unidade de saúde não permite o acompanhante que a gestante escolher;
Quando há realização da episiotomia (corte no períneo para ampliar o canal do parto) em situações em que não há sofrimento fetal;
Quando a mulher é submetida à manobra de Kristeller (caracterizada pela aplicação de pressão na parte superior do útero);
Quando a mulher não recebe medicamentos capazes de aliviar a dor ou é induzida ao trabalho de parto sem necessidade;
Caso você ou uma mulher próxima a você enfrente uma situação que se enquadre em algum desses tópicos acima ou tenha sofrido outras ações que também desrespeitaram a autonomia da gestante, o primeiro passo é anotar o CRM, em caso de médicos, ou COREM quando se tratar de enfermeiros ou técnicos de enfermagem.
A denúncia pode ser feita na própria unidade de saúde ou nas secretarias municipais, estadual ou distrital, nos conselhos de classe ou pelos Disque-Denúncia (180) ou Disque Saúde (156).
Você precisa fazer login para comentar.