Ao menos 30 grupos folclóricos de São Luís, a maioria de bumba-meu-boi da ilha, planejam anunciar um boicote coletivo contra o governo do Maranhão, durante as festas juninas do próximo ano na capital maranhense.
O motivo é o calote que a Secretaria de Cultura do Estado aplicou nas brincadeiras que fizeram 60 dias de festa em junho e julho deste ano, sem receber pelas apresentações contratadas.
Segundo os grupos, o dinheiro para bancar o “Maior São João do Mundo” simplesmente sumiu e ninguém explica em que bolso a grana foi parar.
O aporte fumaceiro, na ordem de R$ 44 milhões, foi anunciado pelo próprio governador Carlos Brandão como investimentos para movimentar a economia, gerar renda e emprego, além de fomentar o turismo.
A festa aconteceu. No entanto, os grupos folclóricos que desempenharam o mais importante papel que serviu para agitar a cidade, estão sem receber até hoje.
O turismo no Maranhão, desde muito sempre, nunca foi uma prioridade para a maioria dos governadores que já passou pelo Palácio dos Leões.
A bela cidade de São Luís, por exemplo, possui o maior conjunto arquitetônico dos séculos XVIII e XIX da América Latina. Um rico potencial turístico ainda mal explorado.
Grande parte dos prédios do centro histórico da capital maranhense, fundada por franceses, está em ruína.
A rica diversidade cultural, que reúne a maior quantidade de folguedos populares e ritímos diferentes do país, é tratada com desprezo. Uma tragédia na história da Atenas Brasileira que aos poucos se distancia da intelectualidade.
Faltando 13 dias para o ano virar, o governador Carlos Brandão parece não estar preocupado com o calote dado pelo secretário de Cultura aos grupos folclóricos, considerados a mola mestra da cultura maranhense.
É lamentável que ninguém se importa com essa situação.
Não há um deputado ou vereador, seja de situação ou oposição, que saia em defesa dos grupos e cobre o que lhes é devido.
Na próxima semana, grupos como Maioba, Ribamar, Maracanã, Pindoba e João, Paulo, Juçatuba, Itapera, Iguaíba, Madre de Deus e Tremor da Campina, considerados como grandes batalhões pesados da ilha, além de tantos outros sotaques, devem se reunir para tomar uma posição.
Todos caminham para um boicote coletivo contra o governo do Estado no São João do próximo ano.
A prenunciada decisão pode ser um pesadelo politico para o governador Brandão já que junho de 2024, período do calendário das festas juninas, é também o início da ´pré-campanha eleitoral disputada aos cargos de prefeitos e vereadores nos municípios maranhenses.
Como se sabe, as eleições municipais são o termômetro muito importante que dará o norte do governador Carlos Brandão que irá tentar disputar a única vaga de senador em 2026.
Ademais, de nada adianta o governador vender o potencial turismo do Maranhão em São Paulo, Rio de Janeiro ou Brasília se não cuidar daqueles que realmente fazem a festa para o mundo ver e que movimentam a economia de uma cidade culturalmente rica. Falta apenas o Estado ser mais responsável.
*Toni Duarte é Jornalista e editor do Radar-DF, com experiência em análises de tendências políticas e comportamento social da capital federal. Siga o #radarDF