Um acordo feito por debaixo dos panos, entre o governador Ronaldo Caiado(União) e o ex-governador Marconi Perilo(PSDB), foi a única forma que o governador de Goiás encontrou para conter o avanço do seu principal concorrente, Gustavo Mendanha, e tentar se reeleger ao Palácio das Esmeraldas.
No acordo, Ronaldo Caiado estimularia o maior número de candidatos avulsos ao Senado, em torno de si, para beneficiar o ex-governador Marconi Perilo, caso desistisse do seu projeto ao governo.
O jogo feito na surdina por Caiado e Marconi deu certo.
O ex-governador desistiu da sua candidatura para governador durante a Convenção do PSDB e Cidadania, na capital goiana, ocorrida no último dia 5.
Marconi anunciou, para o desgosto de muitos aliados, que será candidato ao Senado.
A desistência de Marconi foi bastante comemorada por Ronaldo Caiado, que conseguiu remover uma pedra no caminho, mas provocando reações diversas no meio dos próprios caiadistas.
A desconfiança, que já reinava antes na base do governador, ficou mais notória no decorrer desta semana.
Ao estimular muitos candidatos ao Senado, em sua volta, Caiado terminou provocando sentimentos de revolta e traição dos seus mais próximos apoiadores.
Alguns engoliram o choro, mas prontos para dá o troco. Outros nem tanto, o que se torna mais perigosos ainda.
Quando iniciaram as discussões políticas para construção dos grupos e chapas para as eleições deste ano, as pré-candidaturas da base aliada de Caiado, ao Senado, eram seis.
Os nomes eram: Luiz do Carmo (PSC), Zacharias Calil (UB), Lissauer Vieira (PSD), Delegado Waldir (UB), João Campos (Republicanos) e Alexandre Baldy (Progressistas).
Muitos desistiram, como foi o caso, de João Campos (Republicanos), que resolveu marchar ao lado de Gustavo Mendanha, como candidato único da chapa ao Senado.
Seguiram enganados pelo governador, o Delegado Waldir e Alexandre Baldy, sendo que esse último disputará na condição de candidato avulso.
Em uma entrevista de Marconi Perillo, após ao anúncio de que estava desistindo de ser candidato ao governo, ele disse haver dormido pouco e refletido muito.
“Em momentos, eu dormia com o pensamento de que seria governador, outros momentos acordava como candidato a deputado federal. Só senador que nunca parei muito para pensar.”
Claro. A estratégia de Caiado de pulverizar os votos para senador, beneficiou Marconi, cuja vantagem já era grande em relação aos seus oponentes.
Além do mais, com menos candidatos na disputa pelo Palácio das Esmeraldas, melhor para Caiado, que acredita que pode se reeleger.
Segundo os bastidores, há também no acordo que Marconi liberaria o PSDB para a neutralidade, em um provável segundo turno.
Como a história do acordo entre Caiado e Marconi veio a tona, tanto o Delegado Waldir como Alexandre Baldy, se sentiram traídos, por estarem sendo usados como escadas para o retorno de Marconi Perilo ao poder político do Estado, onde mandou por quase 20 anos.
Apesar do silêncio, outro que não ficou confortável foi o presidente do MDB, e candidato a vice de Caiado, Daniel Vilela.
Aos mais próximos, ele anda confessando que o acordo feito no pântano da política goiana, entre Caiado e Marconi, pode se tornar uma pedra no meio do seu caminho no futuro próximo.
O projeto de Daniel Vilela, que substituirá Caiado, caso se reeleja, é se tornar governador por nove meses, e tentar a reeleição em 2026.
Caso Perilo se eleja em outubro, nas próximas eleições ele estará no meio do mandato, pronto para dá o bote em Vilela, simples assim.
Apesar de Marconi e Caiado desmentirem que tem um acordo, o fato é que a desconfiança que permeia a base caiadista e seus apoiadores, é intensa e pode aumentar ainda nessas poucas semanas que antecedem as eleições.
Em Valparaíso de Goiás, por exemplo, a deputada marconista Leda Borges (PSDB), pode se fortalecer entre o apoio velado de Caiado e o apoio declarado de Marconi.
Caso se eleja para deputada federal, Leda voltará pronta, e com muita força, para engolir o grupo do atual prefeito e cabo eleitoral de Caiado, Pábio Mossoró(MDB).
O jogo posto entre Caiado e Marconi tem o objetivo de evitar a alternância de poder no estado.
A dobradinha Caiado/Marconi foi construída por medo da candidatura do ex-prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha (Patriota 51).
Ele aparece em todas as pesquisas de intenções de votos, com mais de 20%, e pode crescer muito mais após a desistência de Marconi para o governo.
Caiado e Marconi podem ter dado um tiro no próprio pé.
*Toni Duarte é Jornalista e editor do Radar-DF, com experiência em análises de tendências e comportamento social e reconhecido nos meios jornalísticos e políticos da capital federal. Siga o #RadarDF