Ao passar no último sábado (30), pelo “Senadinho da Boca do Povo” do Jardim Botânico, o senador Cristovam disse que ele e os eleitores que ajudaram a eleger Rollemberg, a governador, erraram. Disse que está disposto a conversar com os políticos, que não estejam na lava-jato, para que juntos possam tirar Brasília do caos. O senador que é candidato a reeleição no próximo ano falou ainda sobre a liberação da maconha e do aborto
Por Toni Duarte
Acompanhado de Dona Gladys, o senador pelo DF, Cristovam Buarque chegou à Feira do Produtor do Jardim Botânico, no sábado passado, para um debate bastante diferente do que está acostumado no Congresso Nacional.
O “senadinho”, composto por lideranças comunitárias da maior região condominial do DF, já sabia o que perguntar ao engenheiro mecânico, economista, educador, professor universitário e que também foi governador do Distrito Federal de 1995 a 1998.
Entre tantas perguntas na boca do povo, uma foi feita a queima-roupa: O senhor é a favor da legalização da maconha? Cristovam reagiu:
“Quem disse que defendo a legalização da maconha? Sou favorável à regulamentação do uso medicinal para a produção de canabidiol, medicamento indicado para o tratamento de esclerose múltipla e dores associadas que acometem o sistema nervoso. Defendi ainda que fosse aprofundado os estudos do uso industrial, mas nunca, a favor do uso da maconha para fumar”, foi categórico.
Cristovam explicou que foi nomeado como relator do projeto de lei proposto por meio do portal e-cidadania do Senado, onde qualquer pessoa pode fazer proposições legislativas. Segundo ele, o projeto contava com mais de 22 mil assinaturas eletrônicas de apoio.
“Fui nomeado como relator sem ser consultado. Soube pelos jornais e poderia não ter aceitado. Mas como sou um sujeito que não foge dos debates, sejam eles quais forem, assumi a briga e fiz quatro meses de discussão sobre o tema e pedi que prosseguisse com o debate, porque acho que tudo tem que ser debatido, até mesmo aquilo que sou contra”, afirmou.
Outro tema bastante polêmico, o qual foi colocado em pratos limpos, por Cristovam, foi a legalização do aborto. “Eu não defendo o aborto a não ser que a gente consiga consultar o feto primeiro. Como isso é impossível a autorização do aborto não contará com o meu voto, embora seja eu a favor do debate”.
O senador afirmou que há um tipo de aborto institucionalizado no país onde crianças perdem a vida por falta de médicos, remédios e saneamento. ” Aborto não é só na barriga da mãe, aborto é quando se nega oxigênio quando uma criança mais precisa”.
Eleições 2018
Cristovam Buarque admitiu ainda que não se considera um senador apenas do Distrito Federal, mas um senador da República e tem sido criticado por se dedicar mais vezes aos temas nacionais.
Ele disse que a sociedade brasileira observa impotente diante de um panorama de corrupção endêmica e de uma tempestade institucional como o que atinge diretamente o atual presidente da República. Além disso, segundo o senador, a maior parte dos políticos, nos últimos anos, se envolveu em uma máquina azeitada pela corrupção.
“Essa crise institucional que envolve os Poderes da República tem sido a minha maior preocupação da mesma forma que tem sido a preocupação de toda a sociedade brasiliense que a cada dia se depara com imagens de malas cheias de dinheiro”, explicou.
Mesmo assim, o senador afirmou que nunca negligenciou da sua responsabilidade política pelo DF e que tem olhado para o que vem acontecendo em Brasília, onde os problemas se avolumam, diante da inercia de um governo que não governa e que rejeita a sua ajuda.
“Posso dizer com muita clareza que não errei sozinho na escolha. Todos nós, que votamos em Rollemberg, erramos. Definitivamente ele não está sendo o governador que, naquele momento, a gente desenhou. Se o Frejat tivesse sido eleito talvez seria bem melhor”, acredita Cristovam.
O senador admitiu que tem conversado com os pré-candidatos ao governo do DF que não estão ligados a Lava-Jato.
“Já conversei com Frejat, Alírio, Joe Valle, Wanderlei e Izalci. Devemos conversar com todos aqueles que querem salvar Brasília do caos. Precisamos fazer um SOS Brasília e não posso impor os meus preconceitos ideológicos políticos neste momento de agonia do povo do DF. Farei alianças patrióticas e não oportunistas”, garantiu.
Por fim, Cristovam afirmou que precisa saber da sociedade brasiliense se é possível fazer uma avaliação crítica de sua atuação como um dos “100 Cabeças” do Congresso, reconhecimento outorgado pelo DIAP- Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar- aqueles parlamentares que conseguem se diferenciar dos demais.
“Gostaria de saber que argumentos poderiam usar para obter o terceiro mandato. Será que eu mereço renovar ou de ceder o lugar para outro? Estou à vontade para receber uma análise crítica de todos esses meus anos na política”, disse Cristovam.
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