O pedido de destituição de Tadeu Filippelli e a dissolução do diretório do MDB-DF, feito pelo governador Ibaneis Rocha e pelo presidente da CLDF, Rafael Prudente, não pode ser contado com uma certeza. O atual presidente da legenda no DF se movimenta silenciosamente, a passos largos, entre os caciques emedebistas. Caso não vença a queda de braço, o governador Ibaneis pode embarcar no PP do senador piauiense Ciro Nogueira
Por Toni Duarte//RADAR-DF
O governador Ibaneis Rocha classificou nesta quarta-feira (24) como “lorota” a notícia de que estava saindo do MDB e se filiando ao DEM que no DF é comandado pelo ex-deputado federal e ex-candidato a governador na eleição de 2018, Alberto Fraga.
No entanto, não é nenhuma lorota a janela aberta do Partido Progressista para acolher o governador do DF, caso não consiga arrancar por vias judiciais ou com a ajuda da executiva nacional, o ex-vice-governador Tadeu Filippelli, da presidência do MDB local.
Ibaneis é um homem que pensa grande.
Foi assim quando insistiu por duas vezes até ser o presidente da OAB-DF.
Foi também assim que resolveu se candidatar governador do Distrito Federal no ano passado apesar de ser um senhor desconhecido no imaginário do eleitorado brasiliense.
Marchou filiado ao MDB de Tadeu Filippelli, que tinha como único partido aliado, o Avante de Paco Brito.
Com o discurso de que o “Estado tem que governar para os pobres” e que abriria mão do salário de governador por não precisar dele, Ibaneis venceu o segundo turno contra o veterano socialista Rodrigo Rollemberg (PSB) conquistando 1.042.574 dos votos válidos representando 69,80% do eleitorado.
Também não é nenhuma lorota que o governador sonha com vôos bem mais alto. Falou até se candidatar na próxima para presidente da República.
Na construção do seu governo trouxe para o GDF uma penca de indicados dos ex-presidentes José Sarney e Michel Temer. Também acolheu vários afilhados do ex-senador Romero Jucá, atual presidente nacional do MDB.
Alguns dos que vieram da Esplanada dos Ministérios nunca botaram, até hoje, os pés em cidades como o Sol Nascente, Itapoã ou Estrutural.
Agora chegou a hora de cobrar a fatura.
A pressão de Ibaneis fez Romero Jucá se manifestar nesta quinta-feira (25/04) sobre a crise emedebista no DF.
O cacique disse que política se faz é com entendimento. Defendeu ainda que o governador e o presidente da CLDF estejam representados na Executiva, na direção do partido.
Se não conseguir vencer a queda de braço que escancarou e tornou pública na última quarta-feira, o governador deve desembarcar do MDB e embarcar de malas e cuias no PP do conterrâneo piauiense Ciro Nogueira.
Ibaneis não nasceu no Piauí mas viveu parte da vida por lá.
Em uma das muitas conversas que teve com o senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, o governador Ibaneis reivindicou que o partido no DF fosse para as mãos da deputada federal Celina Leão (PP-DF).
O ex-deputado Roney Nemer, aliado de primeira hora de Tadeu Filippelli, recebeu na terça-feira passada uma notificação da Executiva Nacional de que não é mais o presidente da legenda no DF e que deve entregar o posto, no próximo dia 8 de maio, a deputada Celina Leão, aliada de primeira hora de Ibaneis Rocha.
Se Ibaneis sair do MDB leva com ele o presidente da Câmara Legislativa Rafael Prudente, o deputado distrital João Hermeto, o presidente da Codhab, Wellington Luiz, e o presidente da Adasa, Raimundo Ribeiro.
Além do esvaziamento do MDB, o governador também usará a caneta bic para demitir os jabutis dos caciques emedebistas.
“O jogo é jogado e o lambari é pescado”, confidenciou ao Radar um aliado e fiel escudeiro do governador que marca ponto no segundo andar do Buriti.