A partir do dia 1 de janeiro a Casa Militar se transformará em Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que não será dirigido por militares, mas por Laerte Bessa, delegado aposentado da Policia Civil. Ele terá a incumbência, exigida pelo governador eleito Ibaneis Rocha, de lutar pela integração entre os policiais e a união entre as Polícias. A estratégia principal é acabar com a animosidade enraizada nas Instituições há décadas
Por Toni Duarte//RADAR-DF
A decisão de Ibaneis de acabar com a Casa Militar e criar o GSI, bem como nomear um civil para dirigir um órgão que sempre foi um espaço comandado por militares, foi recebida como um “insulto” por uma minoria da caserna e fora dela que resmunga silenciosamente.
No entanto foi uma decisão necessária já que o propósito do futuro governador é o de estancar o processo de mutilação da PMDF e do Corpo de Bombeiros Militares do Distrito Federal implantado por Arruda (PR), passando pelo governo de Agnelo Queiroz (PT) e perdurando no governo de Rodrigo Rollemberg (PSB).
A situação é tão gritante que o mesmo percentual de gratificação e indenização no contracheque de um soldado é o mesmo que recebe um oficial no topo da carreira.
Nos últimos 12 anos, a Casa Militar, criada em 1970, se transformou em uma “fábrica de produção de agregados” que faz a PM crescer no topo com seus coronéis e encolher na base. Aos poucos se transforma em uma pirâmide invertida.
Enquanto a Policia Militar de São Paulo, uma potência com seus 100 mil homens; que patrulha 248.222,801 Km2, com 645 cidades e 44 milhões de habitantes, tem no topo da pirâmide 60 coronéis, a Policia Militar do Distrito Federal como seus 18 mil homens, para atender 5.802 km² e uma população de 3,013 milhões, possui 48 coronéis. Ou seja, 12 a menos da gigante PM paulista.
Os tenentes-coronéis, são hoje uma patente desvalorizada. Na PMDF eles estão nos corredores sem função, enquanto majores e “capitães recrutas” comandam os batalhões.
Em Águas Claras, é possível encontrar uma guarnição composta por três sargentos: um é o comandante da equipe, o outro é o motorista e outro é o patrulheiro. No CBMDF tem sargento tirando guarda nas portas dos quartéis, uma função inerente aos soldados.
No novo governo, embora com a mesma atribuição, a “Casa Militar” mudará de nome: passará ser Gabinete de Segurança Institucional. O órgão será dirigido pelo delegado aposentado e ex-diretor geral da Polícia Civil, Laerte Bessa e não mais por militares como historicamente sempre foi.
O principal motivo da extinção, acolhido pelo governador eleito, foi de que o órgão é inchado e que tem atualmente em seu quadro de funcionários mais de 400 policiais, contingente bem maior do que possui, por exemplo, um batalhão da cidade Estrutural, tida como uma das mais perigosas do DF.
Na verdade, o efetivo é de 200 policias entre militares e bombeiros, segundo afirma o Coronel Marcio Pereira, atual chefe da Casa Militar do governo Rollemberg.
Mesmo assim, o número é considerado “enorme” pela ótica do governador eleito que defende a tese que “quem precisa de segurança é o povo e não o governador e muito menos o Buriti”.
No entanto, pode estar equivocado o futuro governador.
Embora pense assim, no entanto o discurso no período da campanha de que não precisará de segurança; que irá morar na sua própria casa e que utilizará o seu próprio carro, deixa de ser uma realidade e perde o seu efeito como governador eleito. Como chefe de Estado a estrutura de segurança é necessária quando assumir o governo no dia 1 de janeiro do próximo ano.
Só para lembrar, o ex-governador Joaquim Roriz, no seu segundo mandato, se recusou morar com a família na Residência Oficial de Águas Clara, optando por sua casa própria na quadra 8, Conjunto 13, do Park Way.
Não deu certo a decisão de cunho populista. A casa passou ser alvo de intensas manifestações populares e a vizinhança reclamava. Roriz retornou a residência oficial.
Se alguém perguntar à PMDF qual é o melhor lugar para garantir a segurança do chefe do Executivo local, a resposta é única: Residência Oficial. O mesmo diria o GSI da Presidência da Republica, caso a intenção do presidente eleito Jair Bolsonaro fosse morar em outro lugar que não fosse o Palácio da Alvorada.
Caberá ao novo GSI do governo do DF, garantir a segurança pessoal do governador bem como de seus familiares, assessoramento nos assuntos de natureza militar, segurança e apoio institucional à Governadoria.
Prestará também suporte no desenvolvimento tecnológico de projetos que envolvam a comunicação e a informática.
O GSI surgiu pelas mãos do governador eleito não apenas para cuidar da segurança pessoal do Chefe de Estado, mas como uma espécie de freio e a tentativa de concertar a pirâmide mutilada das forças de Segurança Pública.
No GSI de Ibaneis não terá espaço para disputa de categorias, apesar de uma minoria de policiais civis, acostumada na promoção de greves e paralisações, torcer para que Laerte Bessa tire as prerrogativas dos militares, como a de fazer a segurança pessoal do governador e de cuidar das questões de interesses da PM e do patrimônio da Governadoria.
O órgão não será um cabo de guerra na disputa pelo poder, puxado por aqueles que fazem questão de disseminar um clima de ódio e de discórdia em suas respectivas bases.
A população não merece isso.
A chance de Ibaneis Rocha e de Laerte Bessa consolidar o GSI, como um órgão de governo e não de categorias, passará por uma política de união entre a Polícia Civil e a Polícia Militar, instituições que deve cooperar e não continuarem como inimigas figadais, olhando apenas para seus próprios umbigos.
A política de inteligência do GSI pode ser exercida pela Polícia Civil, por ser polícia técnica e investigativa, mas a segurança pessoal do governador e assessoramento nos assuntos de natureza militar terá que ser exercido unicamente pelos militares. Essa será a única forma para que a Polícia Militar e a Polícia Civil se tornem, de fato, uma polícia de Estado, e não uma polícia de Governo ou do governador.