O governo Rollemberg parece dizer ao Ministério Público, à Justiça, ao Tribunal de Contas, a Câmara Legislativa que, quem quiser que recorra ao Papa, mas vai manter a fraudulenta licitação realizada pelo GDF em 2011 que transformou o sistema de transporte público na maior máquina de corrupção do DF, controlada por empresas de ônibus. Enfim, todos se calam e concordam. Que se lasque o povo!
epois da decisão dos 21 desembargadores do Conselho Especial do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), ao acatar, no mês passado, o pedido de liminar do governo local, mantendo o absurdo aumento da tarifa de ônibus e metrô, a Câmara Legislativa, que chegou a derrubar o aumento por alguns dias, parece ter jogado a toalha para o assunto que ainda revolta a população.
De lá para, a CLDF fez apenas gestos tímidos, como, por exemplo, o de protocolar documentos no Ministério Público do DF que comprovariam que o aumento nos preços das passagens de ônibus foi abusivo, ilegal e imoral. Depois disso ninguém falou mais na história do aumento nos preços das passagens de ônibus. O presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle, com o seu “colegiado”, prece ter enterrado o assunto.
No “puxadinho” ninguém mais fala sobre a licitação fraudulenta e corrupta realizada durante o governo Agnelo e mantida descaradamente no governo Rollemberg. O esquema serviu para beneficiar as cinco empresas de ônibus que operam o sistema de transportes público do DF que impõe uma tarifa cara no bolso da população.
O relatório da CPI dos Transportes da CLDF apontou, no ano passado, a “amplitude dos ilícitos identificados” e o “entrelaçamento de ações” entre agentes públicos e privados, revelando uma “verdadeira cadeia evolutiva voltada ao desvirtuamento do processo licitatório”, com elementos de favorecimento indevido e desvio de dinheiro público.
A Câmara Legislativa, o Tribunal de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público recomendaram ao governador Rollemberg que cancelasse o contrato licitatório realizado pela gestão passada. Mas ele mandou todo mundo tomar a onde as patas tomam. Os órgãos controladores fazem ouvido de mercador e não cumprem com as suas prerrogativas constitucionais.
A proteção escancarada do governo sobre os interesses dos donos de ônibus que operam no DF foi questionada pelos vários segmentos da sociedade como o setor produtivo que subsidia parte as passagens de seus empregados e que estão fechando as suas portas e aumentando o desemprego.
“A realidade é que não temos mais a quem recorrer. Vivemos um momento que não é mais possível aturar esse sistema político e administrativo viciado e totalmente comprometido com esquemas nada republicano que precisa ser mudado por pressão popular. Os financiamentos de campanha, o envolvimento dos políticos e servidores públicos com empresas e a participação cruzada na bolsa das boquinhas de empregos no governo, tornou-se a mola metre de um sistema podre que causa um grande dano à população”, afirma o auditor fiscal do Tribunal de Contas da União, Regis Machado.
Machado criou um site “mudeapolítica. com.br” com o objetivo de abordar o assunto e formar opinião crítica sobre o atual sistema político do DF. Ao Radar, ele afirmou que os deputados hoje em dia se preocupam mais com a função legislativa e se esquecem da função fiscalizatória. “Essa função está cada vez mais relegada e tudo o que produzem são leis completamente inúteis e muitas das vezes inconstitucionais”, afirmou.
Tem razão Regis Machado. Pelo andar da carruagem a CLDF vai continuar fazendo em seu plenário estilo “teatro do oprimido” de péssima qualidade. Muito longe da metodologia criada por Augusto Boal nos anos de 1960, que usava o teatro como ferramenta de trabalho político, social, ético e estético, contribuindo para a transformação social.
O defensor público da União, Kleber Vinicius Melo que no final do ano passado protocolou um pedido de impeachment na CLDF, em que acusava Rollemberg de praticar pedaladas contábeis ao utilizar os recursos do IPREV, para pagar salários de servidores, dando como garantia papéis do Tesouro do DF e ações do BRB, se diz cético se deve ou não reapresentar o pedido a nova mesa diretora da Câmara Legislativa, comandada por Joe Valle.
“Quando a gente acha que tudo ia ser diferente, no entanto, com o passar dos dias da instalação da nova mesa diretora da CL, se descobre que o contraponto feito pela maioria dos distritais, no caso do aumento das passagens de ônibus, foi mero fogo de palha”, disse.
Na visão Radar, a mudez da Câmara Legislativa em relação ao aumento dos preços das passagens e a exagerada parcimônia para exigir que Rollemberg cancele a malfadada licitação com cheiro de roubalheira do dinheiro público, faz com que a sociedade desprotegida e massacrada pelo atual governo se sinta desesperançada e sem alguém que a represente.
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