Os 24 deputados distritais da Câmara Legislativa vão está em vantagem em relação aos mais de 1.000 candidatos que deverão entrar na corrida da campanha eleitoral do próximo ano. O menor tempo de campanha e a diminuição dos gastos, são fatores que dificultarão os “marinheiros de primeira viagem” para destronar aqueles que estão na corrida a mais tempo
Por Toni Duarte
A nova regra de 45 dias estabelecidos pela reforma eleitoral e a diminuição dos gastos de campanha, válida para 2018, será o grande obstáculo no caminho das centenas de candidatos a deputados distritais que irão, pela primeira vez, disputar uma das 24 cadeiras, ora ocupadas por aqueles que já estão no cargo e que disputarão a reeleição.
Na eleição de 2014, os 24 novos parlamentares eleitos da CLDF arrecadaram R$ 9,918 milhões, conforme prestação de contas prestadas ao TER-DF. Empresas do ramo da construção civil e postos de gasolina aparecem como principais doadores da campanha passada. Também tiveram doações feitas pelos próprios candidatos e de terceiros.
Na campanha eleitoral de 2014, o custo geral com candidatos a deputado, senador, governador e presidente foi de R$ 5,1 bilhões, segundo levantamento feito nas despesas declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral.
Para as eleições do próximo ano, as novas regras estabelecidas pela reforma partidária, vedam doações privadas que passam ser por financiamento público do Fundo Eleitoral que será de R$ 1,77 bilhão. Está permitida a doação de até 10% da receita do ano anterior do doador. Ainda assim, os atuais distritais estão bem mais tranquilos dos que não tem mandato.
Apesar do desgaste dos atuais distritais, com uma parte envolvida em escândalos de corrupção e a outra acusada de ter vendido o mandato e a própria alma em troca dos interesses pessoais (motes que certamente serão explorados pelos novos postulantes), no entanto, os antigos já se encontram em campanha há bastante tempo, enquanto os novatos só podem entrar para valer depois de julho do próximo ano.
Diferente dos pré-candidatos que não possuem nada; que pagam a gasolina do próprio bolso, que não tem sequer recursos para aparecer melhor nas redes sociais, todos os 24 distritais turbinam, 24 horas por dia, a própria visibilidade política por meio da estrutura que o mandato lhes oferece.
Além do polpudo salário de R$ 25,3 mil, cada deputado tem direito a R$ 25 mil mensais de verba indenizatória espécie de “ajuda de custo” para bancar gasolina, publicidade, aluguel de imóveis e contratação de consultorias especializadas em marketing e plataformas on-line.
As suas “excelências”, muito diferente dos que querem chegar lá, contam com um montante de R$ 18.623.572,00 de emenda parlamentares para realizar obras em suas bases eleitorais. Se for da base do governo, possuem uma infinidade de cargos ocupados por seus cabos eleitorais travestidos de comissionados.
Quem tem mandato vai auferir vantagem até mesmo dentro do seu respectivo partido, já que a direção da legenda estará mais empenhada em reeleger quem possui mandato do que aqueles que nunca teve.
O dinheiro do fundo partidário jamais será dividido de forma igualitária como deveria ser entre os 48 candidatos filiados à legenda. Para quem tem o mandato, haverá melhor atenção do Partido que o contemplará com uma farta quantidade de material de campanha, bem como mais espaços para aparecer na propaganda do rádio e da TV e os candidatos “orelha seca”, que são a maioria, nem irão reclamar por não saber como a coisa funciona.
Apesar da corrida ser desigual entre os que possuem mandato e os que desejam ter um mandato quem vai conseguir mesmo se eleger não será o mais sabido, o mais competente, o mais honesto, o mais endinheirado ou aquele que quer ganhar no grito. Ganharão os que forem mais hábeis.