A filha do ex-governador Joaquim Roriz fez gravações clandestinas, dedurou sem provas a metade dos colegas da Câmara Legislativa e jogou no lamaçal da corrupção a própria família. Igualmente a um outro político que se dizia “caçador de marajás” e que, depois, terminou cassado por improbidades, Liliane pode repetir o mesmo paradoxo.
uem conhece o inteiro teor do grosso inquérito instaurado pelo Ministério Público e pela Policia Civil que resultou na Operação Drácon, jura o que tudo que foi dito por Liliane Roriz, ex-vice-presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, não tem consistência irrefutável as denúncias que fez. Pelo menos foi à análise feita pela deputada Celina Leão (PPS), durante um discurso que fez na semana passada na Câmara Legislativa.
Ao fixar os olhos sobre Liliane, que se encontrava no plenário, a presidente afastada por decisão judicial disse: “A verdade pode demorar um pouco, mas é irreparável quando chegar, e os mentirosos, as pessoas que tramaram, de passado obscuro, vão ter que pagar pelo que fizeram”.
Celina acrescentou ainda: “Ficou claro que todas as manobras que foram possíveis e impossíveis, bem como os conluios de alguns deputados distritais, juntos com o governador, foram feitos na tentativa de desmoralizar o Legislativo”.
No mês passado, Liliane, que tem uma vida complicada na justiça e que pode ser condenada no próximo dia 19 com a suspensão dos seus direitos políticos pelo prazo de 10 (dez) anos, resolveu dedurar seus pares entregando ao Ministério Público gravações que indicam a existência de um esquema de corrupção envolvendo verba destinada à saúde do DF. Por causa disso, toda a mesa diretora da Casa foi afastada por ordem judicial.
Liliane dedurou geral. Pelo menos constam no inquérito da Drácon nomes e sobrenomes de 13 dos 24 deputados distritais, que, segundo ela, estariam cometendo atos nada republicanos. “Liliane fala sem demonstrar provas”, queixa-se um deputado que teve acesso ao inquérito, que tramita em segredo de justiça.
No próximo dia 19, ocorrerá a reunião da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Cidadania, Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Legislativa para julgar o processo de quebra de decoro parlamentar da deputada Liliane Roriz.
O deputado Ricardo Vale (PT), presidente da Comissão defende que o caso seja julgado e que a deputada seja condenada a perda do mandato. No entanto, para a maioria do colegiado, isso é um processo longo e que a Câmara Legislativa precisa dar uma resposta rápida à sociedade.
De acordo com o rito, a comissão deve indicar, por sorteio, o relator, bem como oferecer cópia da representação à deputada que terá o prazo de 30 dias para apresentar sua defesa. Após o recebimento da defesa, o colegiado tem mais 30 dias, prorrogáveis por igual período, para fazer as diligências que entender necessárias. Ao término do prazo, a comissão deve proferir parecer em até cinco sessões em que concluirá pela procedência ou pelo arquivamento da representação.
O caminho é longo e penoso para uma Câmara desmoralizada e atolada no fundo do poço. A maioria dos deputados que compõe a comissão, consultado por Radar, estaria inclinada a se decidir pelo encaminhamento do processo ao plenário como o caminho mais rápido para o julgamento. Como o voto é aberto dificilmente à filha de Roriz será poupada da degola.
Da Redação Radar
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