Não era que o governo esperava, mas o resultado parcial da aprovação do projeto de lei 001/2019, na Câmara Legislativa, de autoria do Executivo, que amplia o modelo de gestão do Instituto Hospital de Base (IHB), para outras unidades de saúde, agora é um instrumento que o governador Ibaneis Rocha dispõe para melhorar o atendimento médico da população
Por Toni Duarte//RADAR-DF
A medida aprovada nesta quarta-feira (24/01), durante a tensa sessão, convocada pela Câmara Legislativa, pode ser usada para melhorar a gravissíma situação do Hospital de Santa Maria e de mais seis unidades de pronto atendimento (UPAS).
No pacote emergencial pedia ainda a inclusão dos hospitais Regional de Taguatinga (HRT) e do Materno Infantil (HMIB). No entanto, para garantir a vitória parcial do pacote, o Buriti resolveu dá um passo atrás e aceitar a redução da ampliação da proposta.
Com a ampliação do modelo do Instituto Hospital de Base para o Hospital de Santa Maria e para as seis Unidades de Pronto Atendimento (UPAS), conforme aprovado com os votos de 14 dos 24 deputados, o governo Ibaneis estima que irá diminuir em 30% a sobrecarga nos prontos-socorros e a população vai sentir a mudança rápida e a melhoria gradativa no atendimento hospitalar nas referidas unidades.
“Os deputados que votaram a favor da proposta fizeram um ato de grandeza a favor de uma população angustiada e desassistida na saúde”, comemorou o governador Ibaneis Rocha logo após o resultado da votação do projeto.
A ideia do governo é fazer com que as UPAS, que contam hoje com mais de 1.000 servidores, funcionem bem com o novo modelo, isso servirá para desafogar todos os prontos-socorros dos hospitais maiores como o de Ceilândia, Sobradinho e Gama, por exemplo.
O Hospital de Santa Maria, que possui o maior número de leitos fechados, sairá da zona de guerra que foi submetido nos últimos quatro anos.
No entanto, alguns técnicos da própria Secretaria de Saúde observam que se não tiver o incremento necessário na assistência primária, nos hospitais e policlínicas, pode continuar na mesma situação, já que nas UPAS, com a nova gestão, o paciente só pode permanecer por um período de 24 horas.
Depois desse período, tem que ser removido para o Hospital Geral. A regra é do Ministério da Saúde, mas impossível de ser seguida pela Secretaria de Saúde, no modelo como estava, por não ter onde colocar o paciente.
No Hospital Regional de Taguatinga (HRT), que sofreu um princípio de incêndio nesta quinta-feira, por estar com a sua rede elétrica toda comprometida, por falta de manutenção, conta com apenas 65 leitos no pronto-socorro, no entanto, ontem, o Radar apurou junto a direção da unidade que haviam mais de 100 pacientes internados. Tem gente dormindo até na rede.
O HRT, por uma sábia decisão do governador, por hora vai ficar fora do modelo Hospital de Base/Hospital Santa Maria e UPAS.
O Secretário Okumoto, que defendeu a proposta do governador Ibaneis Rocha, aprovada ontem na Câmara Legislativa, precisa agora fazer um trabalho de acompanhamento, monitoramento, adequação e comparação nas unidades que serão geridas pelo novo modelo.
A experiência bem que poderia iniciar com apenas funcionários celetistas no Hospital de Santa Maria, para servir de comparação do modelo, já que o Hospital de Base não serve como parâmetro por ter uma gestão híbrida. Ou seja, funciona com celetistas e servidores de carreira da Saúde.
Para um melhor entendimento, a gestão do Instituto Hospital de Base é uma espécie de cruzamento entre o cavalo e a jumenta ou entre a égua e o jumento que termina nascendo uma mula. A hibridez está aí.
Apesar disso, o Instituto Hospital de Base está abrindo o maior centro de hemodiálise da América Latina feito impossível quando ele apenas era o Base.
O acelerador linear, que custou uma fortuna, equipamento importante para a radioterapia, que há quase dez anos estava encaixotado nos corredores do hospital foi instalado, coisa que gestões passadas não conseguiram fazer.
Okumoto precisa saber se um hospital totalmente celetista, gerido por um instituto, terá a eficácia que o Estado acha que têm.
Se ao final dos próximos dois anos, os indicadores forem melhores e a percepção da população for diferente de que houve melhoria nos hospitais e no atendimento isso fortalecerá a tese de que manter o modelo antigo é estar na contramão dos acertos.
Voltando a sessão extraordinária da Câmara, segundo a visão de analistas políticos, que acompanharam a votação do pacote de medidas do Executivo, foi uma derrota acachapante e constrangedora para os deputados de oposição e de sindicatos da saúde que bateram contra a aprovação da medida do governo.
Os deputados que votaram a favor das medidas ficaram de bem com a população que sofre nas portas dos hospitais, tocados por um sistema precarizado e que provoca mortes evitáveis.
Veja o que diz neste vídeo , o deputado Rafael Prudente (MDB), presidente da CLDF, sobre o pacote de medidas do Executivo , aprovado nesta quinta-feira (24).