O ex-secretário de Sáude do Rio Edmar Santos, acusado de integrar suposta organização criminosa que teria fraudado contratos de compra de respiradores pulmonares para combate à pandemia, relatou que foi ameaçado por prepostos do governo Wilson Witzel quando esteve custodiado no Batalhão Especial Prisional de Niterói. A denúncia consta em trechos complementares da delação premiada do ex-secretario de Saúde.
Edmar Santos afirmou que o ex-subsecretário estadual de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento Ramon de Paula Neves era ligado ao grupo do empresário Mário Peixoto – denunciado por chefiar suposto esquema de corrupção que causou dano de R$ 500 milhões na Saúde do Rio – e “tinha acesso direto ao governador, sem subordinação a Lucas Tristão”, ex-secretário do Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais do governo de Wilson Witzel.
Edmar Santos foi preso no dia 10 de julho sob acusação de integrar suposta organização criminosa que teria fraudado contratos de compra de respiradores pulmonares para combate à pandemia do novo coronavírus.
O ex-secretário do Rio fechou delação com o MPF e foi solto no último dia 6, após decisão dada a pedido da Procuradoria-Geral da República pelo Superior Tribunal de Justiça.
Relatos da prisão
Em um dos trechos da delação enviada ao STJ, Edmar Santos relatou duas situações que ocorreram enquanto esteve custodiado no Batalhão Especial Prisional de Niterói.
Ele afirmou que um sargento que estava preso “tentou por diversas formas obter informações” dele, dizendo ser próximo ao deputado Marcio Canella e outros políticos.
Segundo o ex-secretário de Saúde do Rio, o sargento tentava buscar informações a respeito de possível colaboração, de maneira indireta, por meio de sondagens.
O preso ainda dizia ter sido candidato a vereador por Belford Roxo ou Nova Iguaçu, disse Santos.
O ex-secretario de Witzel também alegou que, 10 dias antes de sua soltura, um tenente da PM o procurou e reservadamente disse que um capitão do seu batalhão teria mandado dizer que o Edmar deveria trocar de advogado e que, caso obedecesse, “o grupo não abandonaria”.
Edmar Santos diz ter entendido a frase em dois sentidos: “‘o primeiro de apoio financeiro e no segundo um tom de ameaça”.