Já passavam das 20h quando o pintor automotivo Elson Domingues, de 46 anos, chegou à 2ª DP, na Asa Norte. Um carro da empresa onde trabalha havia se envolvido em um acidente de trânsito no SOF Norte e era preciso registrar um boletim de ocorrência.
A proximidade da unidade policial permitiu a ele resolver o problema com celeridade. E o horário deixou de ser um impeditivo desde que as unidades circunscricionais reabriram suas portas à noite em 2019 e voltaram a funcionar 24 horas, em todos os dias da semana.
Neste domingo (1), a reabertura em tempo integral das 17 delegacias de polícia do DF – que antes funcionavam das 9h às 19h – completa um ano e resultou, ao longo desse período, um aumento de aproximadamente 15% do número de prisões e apreensões.
Além disso, deixou a segurança pública mais próxima do cidadão – o que não acontecia desde 14 de setembro de 2016, quando o atendimento noturno deixou de ser prestado.
“Já precisei de atendimento à noite uma vez em Sobradinho e tive que voltar para casa porque a delegacia estava fechada. Para quem precisa fazer um boletim de ocorrência imediatamente é fundamental que elas estejam sempre abertas”, afirmou Domingues.
Nessa terça-feira (28), quatro atendimentos foram feitos entre 19h e 20h15, quando a reportagem da Agência Brasília esteve na 2ª DP, no final da Asa Norte.
Delegado chefe da Divisão de Comunicação da Polícia Civil do DF, Darbas Coutinho destaca que além de aumentar a sensação de segurança do cidadão, o funcionamento integral de uma delegacia possibilita mais rapidez e precisão na apuração dos casos.
Isso porque ao registrar uma ocorrência pouco depois de ser vítima de um crime ou ter se envolvido em um acidente de trânsito sem vítimas, o cidadão consegue dar mais detalhes e informações relevantes na apuração dos fatos.
“A polícia trabalha com informações e, com o depoimento e os detalhes ainda frescos na cabeça, a vítima consegue colaborar para que cheguemos com mais rapidez e precisão aos infratores envolvidos”, afirma Darbas.
Brasília tem muitos circuitos de câmeras particulares espalhadas pela cidade. As residenciais, porém, são regravadas em cerca de três dias. Se a polícia é acionada com brevidade, os agentes de segurança conseguem iniciar as investigações imediatamente.
“Isso justifica o aumento das prisões no último ano”, completou ele, ao informar que a subnotificação do DF (que é quando o crime acontece, mas a vítima não registra ocorrência) é baixa.
Promessa cumprida
A iniciativa de reabertura dos plantões ininterruptos fez parte do plano SOS Segurança do GDF, o cumprimento de uma promessa de campanha do governador Ibaneis Rocha. E só foi possível graças à aprovação da Lei nº 6.261, que instituiu o serviço voluntário na Polícia Civil do Distrito Federal.
“Foi um ganho para a sociedade e uma melhoria na qualidade do atendimento, ao desafogar as centrais de flagrante, as únicas que permaneciam abertas à noite e de madrugada”, destacou o delegado-chefe da 2ª DP, Laércio Rossetto.
As equipes de plantão estão sendo reforçadas por policiais civis de folga que prestam serviço voluntário e recebem R$ 50 por hora trabalhada – o limite são 60 horas/mês para cada policial. Todas as delegacias receberam incrementos de efetivo.