É questionável que uma pessoa com conexões com o tráfico de drogas e associada a uma violenta organização criminosa, como o Comando Vermelho, tenha acesso tão fácil ao alto escalão do Ministério da Justiça e de outras autoridades do governo Lula.
Considerando que o nome de Luciane Barbosa Farias, casada com um dos chefes do grupo criminoso Comando Vermelho, não constava das agendas oficiais, há uma clara falta de transparência e controle sobre quem tem acesso ao ministério.
Em fevereiro de 2020, o sistema prisional do Amazonas foi palco de uma das maiores tragédias já registradas no país.
Durante uma rebelião, 106 detentos foram brutalmente decapitados, gerando revolta e indignação em toda a sociedade.
A rebelião, segundo a Secretaria de Segurança do Amazonas, contou com a participação de Clemilson Farias, um dos chefes do Comando Vermelho, conhecido como Tio Patinhas, casado com Luciane Barbosa Farias.
O caso das audiências ministeriais onde Luciane foi recebida com pompas, a descoberta veio à tona após publicação feita pela Folha de São Paulo nesta segunda-feira(13).
A dama do tráfico tirou fotos ao lado de assessores do alto escalão do Ministério da Justiça, sem que o serviço de inteligência da pasta tivesse detectado sua vida pregressa e suas ligações com o crime organizado.
A falha revela uma evidente negligência por parte do serviço de informações do Ministério da Justiça, pasta comandada por Flávio Dino.
Como pode uma pessoa com ligações tão estreitas com um dos líderes do Comando Vermelho, ter acesso direto com autoridades do Ministério da Justiça, sem que nenhuma suspeita seja levantada?
O secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Elias Vaz, assumiu o erro por ter marcado a reunião em que Luciane Barbosa esteve presente.
O caso serviu de “lenha na fogueira” para que os opositores ao governo Lula se pronunciassem sobre o assunto, ameaçando protocolar um pedido de impeachment contra o ministro da Justiça.
A presença de Luciane Barbosa não ocorreu apenas no âmbito do Ministério de Dino.
A mulher do bandidaço do CV também já marcou presença em vários eventos organizados pelo governo Lula.
Ela esteve no 4º Encontro Nacional dos Comitês de Prevenção e Combate à Tortura e Mecanismos de Prevenção e Combate à Tortura, evento promovido pelo Ministério dos Direitos Humanos em Brasília.
Lá ela tirou fotos ao lado do deputado Guilherme Boulos (Psol) e de autoridades ligadas a pasta. O evento foi realizado nos últimos dias 6 e 7 de novembro.
A Dama do Tráfico se apresenta como presidente da Associação Instituto Liberdade do Amazonas (ILA), uma ONG que atua pelos direitos dos presos, mas que se tornou alvo de investigações realizadas pela Polícia Civil do Amazonas.
Só o Ministério da Justiça não sabia isso. Ou sabia?
*Toni Duarte é Jornalista e editor do Radar-DF, com experiência em análises de tendências políticas e comportamento social da capital federal. Siga o #radarDF