Na manhã de domingo (14), um policial militar tirou a vida de um colega e, em seguida, cometeu suicídio no Recanto das Emas, cidade do Distrito Federal.
O caso colocou em evidência a saúde mental dos profissionais de segurança.
O homicídio seguido por suicídio repercutiu no alto escalão do GDF e nas próprias corporações, que começaram a se mobilizar pela necessidade urgente de medidas preventivas e de apoio em favor da saúde mental de policiais civis e militares da capital federal.
Procurado pelo RadarDF, o deputado Roosevelt Vilela (MDB), que também é da reserva do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), anunciou uma iniciativa legislativa para estabelecer um programa permanente de saúde mental voltado para os profissionais de segurança pública.
A proposta, que será apresentada nesta terça-feira (16), inclui a implementação de suporte psicológico e psiquiátrico, melhorias nas condições de trabalho e ações para desestigmatizar questões relacionadas à saúde mental nesse setor.
Em uma reunião de emergência realizada ontem (15) pela governadora interina Celina Leão, com os principais comandantes das três forças (Bombeiros, PMDF e Polícia Civil), um dado até então desconhecido veio à tona.
O Corpo de Bombeiros possui 12 psiquiatras e psicólogos (um quadro considerado ainda mínimo), enquanto a Polícia Militar, com uma tropa de mais de 9 mil homens, conta apenas com um psiquiatra, e a Polícia Civil não possui nenhum.
O RadarDF apurou que, além do alto índice de estado depressivo entre policiais militares e bombeiros militares, o bullying e a humilhação são uma realidade nesses ambientes.
Essa prática ficou evidenciada pelo caso de um militar do CBMDF que, em dezembro de 2017, roubou um caminhão de combate a incêndio e saiu em alta velocidade pela Esplanada dos Ministérios.
Foi parado forçosamente após alguns tiros disparados contra os pneus do veículo. Seu apelido entre os colegas era “Agonia”.
Fica evidente a falta de percepção dos comandantes de tropas, batalhões ou de equipes, da Polícia Civil, em reconhecer policiais que possam estar enfrentando transtornos mentais.
A primeira avaliação do sistema hierárquico sobre um policial em situação depressiva é que pode ser preguiça ou malandragem.
Não existe um programa de avaliação permanente para os combatentes que lidam diariamente com a violência nas cidades e absorvem uma carga de trabalho exaustiva sob sol e chuva para garantir a segurança da sociedade.
O projeto de lei proposto por Vilela visa criar um ambiente mais seguro e saudável para os policiais.
O parlamentar aponta que as estatísticas mostram um aumento nos casos de suicídio e doenças mentais entre policiais, destacando a necessidade de uma abordagem mais humanizada e de apoio dentro da corporação.
O distrital também defende mais recursos para a saúde mental, aliado à promoção de um ambiente de trabalho que respeite a dignidade e o bem-estar dos policiais, que para ele são medidas fundamentais para prevenir futuras tragédias.
*Toni Duarte é Jornalista e editor do Radar-DF, com experiência em análises de tendências políticas e comportamento social da capital federal. Siga o #radarDF