A aprovação pelo Senado, na última quarta-feira(10), de uma proposta que desafeta uma parte da floresta nacional, para fins de regularização urbana das moradias de 40 mil família da 26 de Setembro, contou com o protesto do ex-governador Rodrigo Rollemberg(PSB), candidato a deputado federal nas eleições desse ano.
Na sua página pessoal no twitter, o ex-governador critica a medida e escreve:
A manifestação de Rollemberg sugere que, se ainda fosse governador, convocaria a sua ex-Agefis para passar o trator por cima da comunidade, com fez no passado, ao invés de buscar uma solução pacifica para as famílias que ali moram.
Aliás, grande parte das cidades do DF surgiram após a ocupação humana, como Ceilândia, Samambaia, Recanto das Emas, Vicente Pires, só para citar alguns exemplo.
O Park Way, onde os Rollembergs moram, surgiu em 1961, para servir como um cinturão verde, por conta dos mananciais e das reservas ecológicas na região, hoje ocupada por mansões luxuosas, como a do ex-governador.
O surgimento da comunidade 26 de Setembro não difere muito em relação à criação de 33 cidades administrativas que formam o conglomerado urbano da capital federal, esparramado no quadrado do Planalto Central.
Para refrescar a memória, a 26 de Setembro foi criada por meio do Decreto Lei nº 17.502/1996, assinado pelo então governador do PT, Cristovam Buarque, destinada para o assentamento, na época, de 1.080 famílias oriundas da Fazenda Sarandi (Planaltina/DF).
Por tanto, a 26 nasceu muito antes da criação da Floresta Nacional, instituída pelo Decreto Presidencial de 10 de junho de 1999.
Assim, sendo, a área da 26 de Setembro, onde moram famílias pobres, que precisam ter os mesmo direitos de uma região urbanizada, com asfalto, água e energia de boa qualidade, é tão legal quanto a cidade em que mora o ex-governador Rodrigo Rollemberg.
Foi com esse olhar que o governador Ibaneis Rocha(MDB), fez o seu primeiro gesto pela regularização da 26 de Setembro ao enviar em março de 2020, ao presidente Jair Bolsonaro, uma minuta de projeto de lei que previa a desafetação de área de 996,4783 hectares da Floresta Nacional de Brasília (Flona).
Na época, o documento chegou à Presidência da República pela mãos da deputada federal Celina Leão(PP).
Como tinha que ser de iniciativa do Congresso Nacional, foram apresentadas duas propostas com o mesmo tema: os PLs de nº 2.776/2020, de autoria da deputada Flávia Arruda (PL-DF), e o de nº 2.808/2020, de autoria da Deputada Celina Leão.
Ambos tramitaram, um apensado ao outro, pela comissões temáticas das duas Casas legislativas.
Se para Rollemberg a proposta que deverá virar Lei Federal é motivo de protesto e desprezo, para os 40 mil moradores da 26 de Setembro, a regularização fundiária da área, é motivo de morar de forma digna e sem o fantasma das derrubadas que tanto os assombraram no passado.
*Toni Duarte é Jornalista e editor do Radar-DF, com experiência em análises de tendências e comportamento social e reconhecido nos meios jornalísticos e políticos da capital federal. Siga o #RadarDF