O clima continua acirrado em relação à eleição para a presidência da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB DF), que será realizada no dia 17 de novembro.
O candidato Everardo Gueiros, o Vevé, conhecido pelo seu alinhamento político e ideológico com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que o tem como principal cabo eleitoral, pediu a impugnação da candidatura de Cris Damasceno, por se autodeclarar negra.
Vevé questionou a legitimidade da cor da pele da candidata, que, segundo ele, é uma oportunista e a sua iniciativa tem como objetivo proteger as políticas de inclusão.
Segundo Vevé e seu grupo, a autodeclaração de Cris teria motivações políticas para captar o voto de advogados negros através do discurso de vitimização.
O embate entre os dois candidatos revela um lado sombrio: o quanto a instituição pode cair nas mãos de uma elite que rejeita a condição da pessoa negra ou se disfarça de negro para tirar proveito próprio.
Os advogados negros sempre estiveram à margem do poder da OAB, apesar de a medida das cotas estar valendo desde 2021.
As cotas raciais e a paridade de gênero são mais do que uma necessidade; são uma política necessária de reposição e de inclusão.
Foi o caminho para tornar a OAB mais forte como uma grande organização.
A medida foi criada pelo ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, em 2020, tendo validade a partir de 2021, acatada por Délio Lins, atual presidente da OAB-DF, devido à necessidade de adotar políticas transformadoras.
Também foi uma forma da instituição se desculpar diante dos milhares de advogados negros que, historicamente, sempre estiveram na condição de invisíveis para compor os Conselhos da Ordem.
Diante da acusação de racismo que teria sido cometido por Everardo Gueiros e a polêmica em torno da autodeclaração de Cris Damascena, apenas o candidato Paulo Maurício, o Poli, se mostrou crítico e firme.
Ele condenou com veemência a atitude de Gueiros, salientando que a OAB, como entidade de representação dos advogados, deve ser um espaço livre de atitudes preconceituosas.
Até agora, Paulo Maurício foi o único candidato a manifestar publicamente seu repúdio ao gesto de Gueiros, destacando-se em contraste com outros concorrentes que, como Cleber Lopes, optaram pelo silêncio ou, no caso de Cris Damasceno, obtiveram a situação para reforçar um discurso considerado oportunista.