Os números divulgados pelo Instituto Paraná Pesquisas nesta segunda-feira (9 de junho de 2025) sobre o cenário político no Distrito Federal trazem à tona uma realidade que não pode ser ignorada: a esquerda, outrora dominante na política local, enfrenta um momento de fragilidade expressiva na corrida pelo Palácio do Buriti.
Os dados mostram a vice-governadora Celina Leão (PP) consolidada na liderança com 31,1% das intenções de voto no cenário estimulado, enquanto nomes associados à esquerda, como Leandro Grass (PV), Paula Belmonte (Cidadania) e Ricardo Cappelli (PSB), somam juntos apenas 16,8% , metade do apoio de Celina.
Mais surpreendente ainda é a ausência de qualquer nome do PT entre os cotados para o governo, um sinal claro da decadência do partido que já governou o DF e teve forte influência no passado.
A liderança de Celina Leão é um reflexo de sua popularidade e da força da aliança com o governador Ibaneis Rocha (MDB), que goza de 59% de aprovação, segundo a mesma pesquisa.
Ela também ocupa um vácuo deixado pela esquerda, que parece incapaz de articular candidaturas competitivas.
Leandro Grass, que concorreu ao Buriti em 2022 pelo PV, aparece com apenas 8,4% das intenções de voto, enquanto Paula Belmonte e Ricardo Cappelli, com 4,3% e 4,1% respectivamente.
A ausência de um nome puro-sangue do PT, mesmo em uma federação partidária que inclui PV e PCdoB, é sintomática de uma crise interna e de uma desconexão com o eleitorado do DF.
O que explica essa derrocada? Primeiro, a esquerda parece sofrer com a fragmentação de suas lideranças.
O PT, que historicamente foi um pilar da política progressista no DF, não conseguiu renovar seus quadros para apresentar um nome forte para 2026.
A federação com o PV e o PCdoB, que poderia ser uma oportunidade de unificação, parece mais um obstáculo, com o PT demonstrando resistência a apoiar Leandro Grass, um candidato que, apesar de aliado, não carrega o carisma ou a força eleitoral necessária para competir com Celina Leão.
Além disso, a imagem do PT no DF ainda carrega o peso de gestões passadas marcadas por escândalos, roubalheira e corrupção, fatos que levaram muita gente para cadeia, inclusive o governador petista da época.
Já dos nomes chamados “fogo amigo”, surge o deputado federal Fred Linhares (Republicanos) com 21,5%, dez pontos abaixo de Celina. No outro polo, tem José Roberto Arruda com 15,3%.
Ambos, no entanto, enfrentam incertezas: Linhares, por ser de um partido da base do governo, e Arruda, por sua inelegibilidade decorrente de processos da Operação Caixa de Pandora. Esse cenário reforça a vantagem de Celina.
Enquanto Celina Leão capitaliza a estabilidade do governo atual e projeta uma imagem de continuidade, a esquerda patina em divisões internas e na dificuldade de se conectar com as demandas de uma população que parece valorizar mais a gestão eficiente do que ideologias tradicionais.
Em suma: a esquerda brasiliense caminha para o cemitério sob o choro das carpideiras.