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Radar Político/Opinião Por Toni Duarte Por dentro dos bastidores da política brasiliense.

O ASSUNTO É

Marli defende proteção aos que estão na linha de frente contra dengue

Publicado em

Os 1.486 Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Vigilância têm o protagonismo diário na luta contra a dengue, no Distrito Federal.

São eles os principais soldados da guerra contra o mosquito que já matou 81 pessoas até a última quarta-feira (06), com 120.625 casos prováveis registrados pela Secretaria de Saúde.

Durante a pandemia da covid-19, uma das providências tomadas pelas autoridades sanitárias foi a de imunizar com prioridade todo o pessoal da saúde, para combater o vírus.

No caso da epidemia da dengue, um dado chama a atenção: não há informações sobre a existência de algum protocolo que preveja a imunização dos agentes de saúde.

Todos são obrigados a exterminar os focos de larvas do Aedes aegypti, em locais onde se deparam com o mosquito adulto voando sobre suas cabeças.

A situação de adoecimento de agentes comunitários, que estão contraindo dengue no exercício de suas funções, acendeu a luz de alerta do Sindicato dos Servidores da Saúde do Distrito Federal.

Nesta entrevista concedida ao RadarDF neste domingo (10), a presidente do Sindsaúde, Marli Rodrigues, destaca a importância da imunização de agentes de saúde e comunitários que trabalham diretamente no combate aos focos do Aedes aegypti.

A sindicalista enfatiza que a vacinação, especialmente com a Qdengue, pode evitar baixas nos recursos humanos que poderiam comprometer a entrega de serviços essenciais. Se isto não for possível, que a SES ao menos forneça o repelente.” É o mínimo, diz.

Marli aponta o aumento da taxa de adoecimento entre os servidores da saúde na última década, atribuindo-a às condições de trabalho inadequadas.

Ela argumenta que a imunização dos servidores não apenas protege os profissionais, mas também garante a manutenção da qualidade do atendimento à população.

Fala ainda sobre a recomendação do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) para a nomeação de 3.350 Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e 1.200 Agentes de Vigilância Ambiental, aprovados em concursos.

Siga a entrevista:

O Sindsaúde defende imunização de agentes de saúde e comunitários que trabalham diretamente no combate ao foco do Aedes aegypti?

O SindSaúde defende a imunização de agentes de saúde e comunitários que trabalham diretamente no combate aos focos do Aedes aegypti. O SindSaúde advoga pela vacinação de todos os servidores da Secretaria de Saúde, em especial aqueles que estão na linha de frente, que adentram locais onde, provavelmente, encontram-se larvas e mosquitos. É crucial manter esses trabalhadores imunizados, evitando assim a redução do quadro de recursos humanos e possíveis complicações na prestação de serviços. Portanto, defendemos, sim, a imunização dos AVAs e dos ICSs.

Na última década, a taxa de adoecimento de servidores da saúde elevou-se. Quais são os principais motivos para isso e como essa situação afeta o atendimento à população?

A atenção à saúde do servidor raramente foi prioridade para os governos, e o tratamento dado a eles reflete essa negligência. Além de enfrentarem condições de trabalho desfavoráveis, muitos servidores não estão imunizados, embora devessem estar. O mosquito adentra hospitais e UBSs; logo, o funcionário precisa estar imunizado, pois é ele quem oferece suporte, cuida dos pacientes e da comunidade. A imunização dos servidores é uma forma de investir na qualidade do cuidado, assegurando a manutenção de um padrão elevado de atendimento e prevenindo o adoecimento desses profissionais, o que poderia comprometer a qualidade e o padrão do serviço.

O TCDF recomendou a nomeação Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e de Agentes de Vigilância Ambiental aprovados em concursos. O Sindsaúde apoia essa recomendação?

Concordamos com a recomendação do Tribunal de Contas e defendemos uma ação ainda mais ampla. Os aprovados em concursos na área da saúde, que aguardam nomeação, precisam ser convocados. Por quê? Passamos pela pandemia de Covid-19 e, antes mesmo de nos recuperarmos completamente, enfrentamos uma epidemia de dengue, o que sobrecarrega e paralisa outras áreas da saúde. Sendo assim, há uma necessidade premente por mais técnicos, enfermeiros, médicos, e profissionais das áreas de laboratório e radiologia, entre outros, para fortalecer a equipe. Com o crescimento de Brasília, aumentam também os desafios de saúde. A falta de funcionários prejudica diversas áreas da saúde, necessitando de uma resposta imediata para mitigar esses problemas.

O que diz a secretária de Saúde, Lucilene Florencio:

“A vacinação contra a dengue no Brasil ainda não dispõe de doses suficientes para imunizar toda a população. O Ministério da Saúde adquiriu todas as doses disponíveis do único laboratório produtor, que é japonês. A negociação comercial foi realizada pelo governo federal, e todas as doses foram compradas. O Distrito Federal participa do Programa Nacional de Imunização e recebe as doses conforme a faixa etária indicada na nota técnica, sendo atualmente direcionadas para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Até o momento, já vacinamos 25.200 indivíduos. Na bula da vacina, há uma contraindicação absoluta para idosos. Não existe um grupo específico de trabalhadores designado para receber a vacina; todos nós estamos expostos ao mesmo risco. Futuros estudos podem trazer novas orientações. O Brasil está empenhado em começar a produção da vacina em 2025. Independentemente da profissão, é preciso priorizar a faixa etária de 10 a 14 anos, que, segundo comprovações científicas, é a que mais necessita de internação quando infectada pela doença. O Governo do Distrito Federal tem nomeado servidores das duas categorias, AVAs e ACSs. É necessário que haja orçamento e arrecadação para que possamos nomear mais servidores de maneira segura. Esse é um desejo da Secretaria de Economia, e a saúde é uma prioridade. Sem dúvida, buscamos atender às recomendações do TCDF” .

 

*Toni Duarte é jornalista e editor/chefe o Radar-DF, com experiência em análises de tendências políticas e comportamento social da capital federal. Siga o #radarDF

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