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Radar Político/Opinião Por Toni Duarte Por dentro dos bastidores da política brasiliense.

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Maranhão: Calote na cultura é um atentado ao turismo; saiba disso Brandão!

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Houve um tempo em que o bumba-meu-boi do Maranhão, uma das manifestações mais ricas e populares do país, era discriminado pelas elites de São Luís.

Rotulado como algo associado a índios e negros, suas cantigas confundiam e os batuques dos tambores perturbavam o sossego público. No século passado, foi proibido pela polícia por décadas.

Os prefeitos que governaram a cidade do Senhor de La Ravardière, entre os anos 50 e 60, foram implacáveis na discriminação e criminalização do Bumba-meu-Boi.

Epitácio Cafeteira, por exemplo, decretou a proibição dos grupos de se aproximarem da praça Dom Pedro II, onde está o imponente Palácio Daniel de La Touche, sede da Prefeitura, além do Palácio dos Leões e do Palácio Episcopal da Santa Sé.

A regra imposta entre 1861 e 1867 ressurgia. Ninguém ultrapassava o João Paulo. No reduto joãopaulino, até 1994, os grupos da ilha que se apresentavam na atual Avenida São Marçal eram vigiados sob a mira dos fuzis do 24º Batalhão de Caçadores do Exército Brasileiro.

Essa norma foi quebrada com a chegada do Tenente-Coronel Castelo Branco, natural do Ceará, que não via sentido em mobilizar uma tropa para confrontar uma das mais belas expressões populares do país, o bumba-meu-boi.

Em vez de armas, o Exército oferecem água e caldo de feijão até hoje, e abrem as portas do quartel para o bumba-boi que vai ao João Paulo para homenagear, no dia 30 de junho, São Marçal, santo não reconhecido pela Igreja Católica, mas venerado pela fé dos Boieros da Ilha.

Nos tempos atuais, os mais de 300 grupos folclóricos do Maranhão, que transformam a encantadora São Luís no maior e mais fascinante espetáculo da Ilha, continuam sendo, de certa forma, alvo de discriminação e maus-tratos.

Não mais pela proibição de se apresentarem em qualquer lugar, mas por outras práticas, como o calote aplicado pelo governo, que os contrata e não os remunera como deveria.

Em maio deste ano, o governador Carlos Brandão anunciou a realização do “Maior São João do Mundo”, dois meses de festas juninas e julinas, com mais de R$ 44 milhões do Fundo Nacional da Cultura destinados ao megaevento.

Contratos foram firmados e as apresentações dos grupos foram cumpridas. O Estado lucrou quase cinco vezes mais do que foi investido.

Segundo os cálculos do governo foi na ordem de R$230 milhões. A economia foi aquecida, gerando centenas de empregos e renda para o povo, a hotelaria bombou e elevou o setor de turismo às alturas.

Quase seis meses após tudo isso, o governo Carlos Brandão ainda deve aos grupos folclóricos, que foram a essência da festa.

O calote do governo não extinguirá a cultura de um povo que enfrentou todo tipo de discriminação ao longo dos séculos.

No entanto, essa prática fere de morte uma das mais importantes indústrias do mundo: o Turismo.

*Toni Duarte é jornalista e editor/chefe o Radar-DF, com experiência em análises de tendências políticas e comportamento social da capital federal. Siga o #radarDF

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