Enquanto o governo Lula tenta conter os estragos políticos de escândalos e derrotas no Congresso, o Partido dos Trabalhadores no Distrito Federal parece encolher em representatividade, discurso e perspectiva eleitoral.
As sombras da “roubalheira do INSS” (como já se convencionou chamar o esquema que desviou bilhões de reais das aposentadorias com base em relatórios do próprio governo), somam-se à derrota jurídica sobre o IOF e à bilionária distribuição de emendas parlamentares para partidos aliados.
Tudo isso tem corroído, em Brasília, o verniz nem tanto ético e o protagonismo político que o PT local historicamente ostentava.
No epicentro dessa paralisia está o silêncio constrangedor do partido diante do governo local, comandado por Ibaneis Rocha (MDB), adversário direto da esquerda no DF e que já prepara sua sucessão com a vice-governadora Celina Leão (PP).
O PT não tem o que falar. Se tornou vidraça das mais vagabundas que, com qualquer toque, se espatifa.
O governo do DF navega em águas tranquilas, por mérito próprio e pela ausência de um contraponto político de peso.
Nesta semana, o veterano deputado distrital Chico Vigilante tentou dar um sopro de vida à legenda ao anunciar que o PT terá, sim, candidato ao Buriti em 2026.
Mas a declaração, que deveria gerar expectativa na militância, caiu no vazio, e logo foi completada pelo ex-deputado federal Geraldo Magela, autodeclarado pré-candidato de si próprio ao GDF.
O problema é que nem mesmo petistas de sua própria corrente se animam com um projeto tão raquítico.
Se brincar, a legenda corre o risco de não eleger um deputado federal, já que a Erika Kokay meteu na cabeça que vai disputar o Senado, correndo o risco de também não se eleger.
Até agora, a movimentação petista expôs mais fragilidade do que força: faltam nomes, falta fôlego e, sobretudo, falta densidade eleitoral. O PT de Brasília parece reduzido à própria memória.
As emendas parlamentares distribuídas sem transparência e com viés eleitoreiro colocam seus deputados em uma sinuca de bico: como criticar os rivais quando se está preso aos mesmos vícios que sustentam o toma-lá-dá-cá?
Nos bastidores da política brasiliense, há quem diga que o PT virou coadjuvante no tabuleiro local, uma legenda com peso simbólico, mas sem tração real.
O partido que já governou o DF e chegou a sonhar com hegemonia política agora amarga uma anemia crônica de lideranças e votos.
Enquanto isso, o bolsonarismo segue vivo no imaginário de parte do eleitorado do DF, e o grupo de Ibaneis se consolida como o fiel da balança.
A realidade é dura: sem uma renovação interna, sem um discurso que reconecte a legenda com as bases e sem figuras públicas com apelo popular, o PT DF pode assistir o seu próprio velório à eleição de 2026.