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Radar Político/Opinião Por Toni Duarte Por dentro dos bastidores da política brasiliense.

O ASSUNTO É

Caso do delegado expõe crise de saúde mental na segurança do DF

Publicado em

O episódio do delegado Mikhail Rocha e Menezes, da 30a Delegacia de Polícia do Distrito Federal, que atirou em três mulheres nesta quinta-feira (16), mostra o adoecimento mental entre servidores públicos, especialmente nas áreas de segurança e saúde.

O ataque, que deixou as vítimas em estado grave, deixou um alerta para a crescente incidência de surtos psicóticos entre os profissionais da segurança.

Os fatores estresse, dificuldades financeiras e jornadas exaustivas têm sido apontados como os principais fatores para esses casos.

Após o incidente, o delegado está em acompanhamento psiquiátrico. Já havia procurado ajuda na instituição, mas sua situação acabou sendo ignorada.

Para se afastar do trabalho, apresentou um atestado médico particular, mas o protocolo de recolhimento de suas armas –uma da Polícia Civil e outra de uso pessoal– não foi seguido pela corporação. Essas armas foram as que foram usadas na tragédia.

Esse caso não é isolado. A ocorrência de eventos psicóticos cada vez mais frequentes entre policiais civis e militares revela uma crise de saúde mental preocupante no país.

A rotina policial, que inclui situações de alto risco e a pressão constante por resultados, contribui para o desgaste emocional e mental desses profissionais.

Um médico psiquiatra consultado pelo Radar-DF, destacou que a exposição constante a eventos traumáticos pode causar transtornos, como o TEPT (transtorno de estresse pós-traumático), que, se não for tratado, pode se transformar em crises graves, como surtos psicóticos.

Apesar de algumas instituições oferecerem apoio psicológico, o acesso é, muitas vezes, limitado ou insuficiente, agravando o problema.

No caso do delegado Mikhail Rocha, o desamparo institucional foi um fator determinante. A saúde mental de policiais e outros funcionários das forças de segurança do Distrito Federal (DF), como a Polícia Militar (PMDF) e o Corpo de Bombeiros Militar (CBMDF), tem piorado consideravelmente nos últimos anos.

A cultura nas corporações, muitas vezes, impede os funcionários de procurarem ajuda, devido ao estigma associado a problemas psicológicos.

Além disso, fatores externos como dificuldades familiares, financeiras e sociais aumentam o desgaste emocional.

O alcoolismo que afeta grande parte de policiais tornou-se uma mancha emblemática de que é preciso fazer algo para evitar tragédias.

Apesar do GDF ter tomado medidas para lidar com essa situação, o número de profissionais da segurança pública que enfrentam problemas de saúde mental continua aumentando.

Entre janeiro e setembro de 2024, a PMDF realizou 884 atendimentos psicológicos e 1.199 atendimentos psiquiátricos, superando os números de 2023.

A PMDF abriu oito novas clínicas de saúde mental para atender à demanda.

Entretanto, o aumento de casos como o do delegado Mikhail Rocha demonstra que é imprescindível investir mais na saúde mental dos agentes de segurança pública, a fim de prevenir tragédias e proteger tanto os profissionais quanto a sociedade.

*Toni Duarte é jornalista e editor/chefe o Radar-DF, com experiência em análises de tendências políticas e comportamento social da capital federal. Siga o #radarDF

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