A prisão do publicitário Diego Torres Machado de Campos, de 42 anos, na tarde de ontem, 9, na Asa Norte, em Brasília, reacendeu um debate crítico sobre o preparo dos agentes da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) para lidar com situações de conflito sem recorrer à truculência ou ao uso desproporcional da força.
O incidente ocorreu, após um suposto acidente de trânsito, no qual seu veículo teria encostado em uma viatura descaracterizada da polícia, sem causar danos significativos.
Segundo relatos, Diego foi agredido com socos, imobilizado com um joelho nas costas e algemado, mesmo sem oferecer resistência.
O episódio, registrado em vídeo e amplamente divulgado, chocou testemunhas, que relataram que o filho de cinco anos do publicitário foi abandonado no local, deixado aos cuidados de estranhos.
A violência empregada e a negligência com a criança geraram revolta nas redes sociais e críticas contundentes de autoridades e entidades.

Oficina da Novacap. José Martins Pereira, mecânico.
A governadora em exercício, Celina Leão, classificou a ação como “inadmissível” e determinou uma apuração rigorosa pela Corregedoria da PCDF.
Nos últimos anos, o Distrito Federal registrou diversos casos de violência policial envolvendo agentes da PCDF e da Polícia Militar (PMDF), alguns com desfechos letais, o que intensifica o debate sobre o uso desproporcional da força.
Embora dados específicos sobre a PCDF sejam menos acessíveis, relatórios e denúncias apontam para um cenário preocupante.
Casos específicos de letalidade envolvendo agentes públicos são menos documentados, mas episódios de truculência, como o de Diego Torres, têm sido recorrentes.
Um exemplo notório foi a operação policial em 2023, em Ceilândia, na qual um jovem foi agredido por agentes da PCDF durante uma abordagem por suposto porte de drogas, o que gerou protestos na comunidade.
Apesar da abertura de inquéritos, poucos casos resultaram em punições públicas, o que alimenta a percepção de impunidade.
A Corregedoria da PCDF é o órgão responsável por investigar denúncias de desvios de conduta, incluindo violência policial.
Em muitos casos, os inquéritos resultam em advertências, suspensões temporárias ou transferências de agentes, mas demissões ou punições criminais são raras.
O treinamento de agentes da PCDF é estruturado para atender às demandas de uma “polícia cidadã”, mas parece que está longe de incorporar práticas que minimizem a truculência.
Cabe às autoridades do Distrito Federal transformar a indignação pública em ações concretas, antes que novos casos de abuso manchem ainda mais a relação entre a polícia e a população.