Bom dia, Toni,
Sempre atento com o que você escreve, com um texto inteligente e respeitoso com a língua portuguesa, recebo sua análise a respeito da minha trajetória com humildade, embora com algumas discordâncias.
Primeiro vou lembrar a você uma frase do meu ex Professor de topografia na escola de engenharia de Itajubá, Aureliano Chaves: esperteza quando é muito vira bicho e come o dono.
Isso vale para o que sua análise encontrou na minha vida, mas vale também para sua expertise como jornalista.
Uma correção importante, factual. Nunca me aliei ao Lula. Verdade que como governador mantive com ele, então Presidente, uma relação respeitosa, como penso deve ser a postura do Governador da Capital do País, hospedeiro dos poderes da República.
E Brasília ganhou com isso. O governo federal me ajudou muito a realizar 2300 obras em apenas três anos de governo.
O “não quero saber mais de política” talvez fosse mais exato dizer que as perseguições que sofro, mesmo depois que as provas da Pandora foram consideradas nulas pela justiça, pois que editadas, manipuladas e anteriores ao meu governo, me impedem de ser candidato. Estou inelegível.
E para sempre. Estou há 14 anos inelegível e os 8 anos sequer começaram a ser contados, posto que recorri, inconformado, e não houve trânsito em julgado.
Recebi uma pena eterna. Enquanto tiver vida vou lutar para provar a armação que fizeram contra mim, mas a essa altura da vida sem a ambição de exercer cargos públicos.
Isso não me impede, como cidadão, de por vezes repassar minhas experiências para os mais jovens e de opinar, quando chamado, sobre Brasília e a política brasileira.
Se o seu texto fosse um ensaio para um elogio fúnebre, talvez num outro plano, sereno, eu o julgasse injusto.
Sabe que às vezes me sinto um privilegiado por assistir o meu próprio enterro, como homem público, e sentir as lealdades e deslealdades flutuantes como próprias da condição humana.
Por último, o seu texto revela uma verdade: muitos ainda temem o meu fantasma.
E usando uma frase que Roriz gostava muito, ninguém joga pedra em árvore que não dá frutos.
Mas talvez se fosse menos lembrado, a verdade é que teria mais paz, mas isso eu não controlo, nem na pena livre de bons articulistas como você, nem no coração das pessoas, onde encontro conforto para o meu destino.