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Juninho, o xodó do povo maiobeiro que encanta a ilha de São Luís

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No coração da ilha de São Luís, Maranhão, onde a cultura pulsa em cada esquina e a temporada junina transforma a cidade no maior teatro de rua do Brasil, ressoa a voz inconfundível de Jorsenilo Ferreira Junior, 39 anos, ou simplesmente Juninho: o “xodó do povo maiobeiro”. 

O cantador do Boi da Maioba, nascido no Vassoral, foi descoberto pelo olheiro “cabeça”. Muitos antes de se tornar o “xodó do povo”,  passou pela Pindoba e Miritiua, mas segundo ele, o destino o trouxe  a sua terra maiobeira, berçário do boi da Maioba,  um dos mais emblemáticos grupos folclóricos do estado.

Com seu timbre de tenor, Juninho  canta e encanta o povo “boeiro”. Rege uma sinfonia cultural que sincroniza sons agudos produzidos por centenas de matraqueiros misturados ao grave da cadência dos pandeireiros e um poderoso coral de vozes que arrasta multidões pelos arraiais festivos da ilha de Gonçalves Dias.

Para os estudiosos da cultura popular do Maranhão, Juninho é mais que um artista; é um maestro que personifica a alma do bumba-meu-boi, Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, e símbolo da resistência cultural maranhense.

O Boi da Maioba, um dos pilares do sotaque de matraca (o mais popular do Maranhão), caracterizado pelo ritmo vibrante das matracas, pandeirões e tambores-onça, encontra em Xodó do Povo seu condutor.

Suas toadas, como “Balanço do Povo”, “Cabocla Maiobeira”, “Campeão da Avenida” e “Toca Esses Pandeiros Maiobeiros”, se tornaram hinos que ecoam pela ilha, unindo gerações e inflamando o fervor dos “maiobeiros”, como são chamados os apaixonados pelo grupo.

Cada apresentação é um espetáculo de cores, ritmos e devoção, onde Xodó, com seu maracá em mãos, comanda o batalhão com uma energia que parece transcender o tempo.

Diferentemente de outros grandes cantadores da história do bumba-meu-boi, como João Chiador, que deixou um legado imortal e influenciou gerações, ou Chagas, cujo estilo ainda ressoa em muitos novatos da Maioba, Xodó criou um caminho próprio.

Ele não imita, não segue moldes. Seu canto, marcado por uma potência lírica e uma cadência única, aliado ao toque singular do maracá, é uma assinatura que o distingue.

Xodó não apenas canta; ele faz a multidão vibrar, transformando cada apresentação em uma celebração coletiva onde o povo maranhense encontra sua identidade.

Há quem diga que o melhor São João do Brasil está em Campina Grande, na Paraíba. No entanto, quem conhece a temporada junina de São Luís sabe que o Maranhão oferece algo único: uma explosão cultural onde as noites juninas viram dias e as ruas se transformam em palcos.

Durante os meses de junho e julho, a ilha dos amores, como São Luís é carinhosamente chamada, é tomada por uma profusão de folguedos populares: bumba-meu-boi, tambor de crioula, cacuriá de caixa, dança portuguesa e tantos outros.

É o maior teatro de rua do país, um espetáculo que mistura religiosidade, música, dança e história, com raízes indígenas, africanas e europeias.

Nesse cenário, Xodó do Povo brilha como um dos grandes regentes dessa adrenalina cultural.

Sua presença é magnética, capaz de transformar uma apresentação em um momento de catarse coletiva, onde matraqueiros, vaqueiros, índias e caboclos dançam em harmonia, guiados pela voz que parece carregar a força da própria ilha.

O bumba-meu-boi do Maranhão é uma manifestação complexa, com cinco sotaques distintos : matraca, zabumba, baixada, costa de mão e orquestra, cada um com suas particularidades em instrumentos, indumentárias e coreografias.

O sotaque da ilha, ou de matraca, é o mais popular, e o Boi da Maioba é uma de suas maiores expressões, ao lado de grupos como Maracanã, Ribamar, Pindoba e Iguaiba.

Em um estado onde a cultura é a maior riqueza, Juninho, O Xodó do Povo  é um tesouro vivo, um regente da alma maranhense que faz multidões dançarem, cantarem e celebrarem a vida.

*Toni Duarte é jornalista e editor/chefe o Radar-DF, com experiência em análises de tendências políticas e comportamento social da capital federal. Siga o #radarDF

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