Um mês é 10 dias após ter enviado para a Câmara Legislativa, o projeto de lei que cria a região administrativa do Sol Nascente/Pôr do Sol, para ser apreciado em caráter de urgência, a proposta anda na mesma lentidão de outros projetos do Executivo. O problema está na falta de articulação política do governo para consolidar uma base forte dentro do legislativo
Por Toni Duarte//RADAR-DF
A crença de que a política não pode ter negociação e o toma-lá-dá-cá é ingênua e equivocada” já dizia o ex-governador Joaquim Roriz que governou o DF por 4 vezes e chegou a ter uma base aliada, no seu último governo, composta por 16 dos 24 distritais da Câmara Legislativa. O mais popular e amado governador da história de Brasília reinou em céu de brigadeiro.
O sucessor José Roberto Arruda, no primeiro ano do governo, já tinha sete deputados em sua base aliada. Agnelo Queiroz e Rodrigo Rollemberg tiveram êxitos na aprovação de projetos polêmicos dentro da Câmara Legislativa.
Na fase da lua de mel, o governador Ibaneis Rocha teve sucesso com a aprovação do projeto de lei que expandiu o Instituto Hospital de Base (IHBDF).
O modelo adotado pelo IHBDF foi implementado em todas as seis Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e no Hospital de Santa Maria (HRSM). A proposta recebeu o sinal verde de 14 dos 24 deputados distritais.
O após passados os 100 dias de governo, o governador Ibaneis Rocha começa a enfrentar dificuldades para aprovar projetos do Executivo se não alinhar um grupo de deputados dispostos a defender o governo e as suas propostas.
O problema está na falta de alguém que saiba articular isso dentro da Câmara Legislativa. Nenhum parlamentar não tem o interesse de colocar a cara a tapa sem uma contrapartida.
Deputados experientes como Agaciel Maia, ex-líder do governo de Rodrigo Rollemberg, que aprovava tudo que queria e atual presidente da poderosa Comissão de Economia, Orçamento e Finanças da Câmara Legislativa, tem um entendimento que governo não é só o Executivo, é o Executivo, o Legislativo e é também o entendimento entre eles.
Sob a batuda de Agaciel na gestão passada, o governo Rollemberg, o pior da história de Brasilia, contava com 14 deputados na base. Doze deputados absolutamente fiéis, além da ex-Liliane Roriz (PTB) e o ex-Bispo Renato.
Diante da ficha caída, o governador Ibaneis Rocha tem a compreensão de puxar para dentro do governo alguns titulares e abrir oportunidades para os suplentes.
Na Câmara o governo tem a suplente Telma Rufino (Pros) que ocupa o lugar do distrital Fernando Fernandes, administrador de Ceilândia.
Por toda esta semana a suplente Kelly Bolsonaro ocupará a vaga do titular Daniel Donizet (PSDB) que irá administrar o Gama.
Deputados dizem que Ibaneis precisa avançar mais como fizeram todos seus antecessores.
Falta ao governo um bom articulador político dentro da Câmara. O líder do governo Cláudio Abrantes, ex-PT e atual PDT ainda não mostrou a que veio e longe de ser comparado ao pragmático e conciliador Agaciel Mais.
Apesar de o governador ter nomeado Daniel Donizet para o cargo de administrador, no entanto ninguém da articulação política do governo na Câmara Legislativa manteve qualquer conversa de pé de ouvido com a deputada suplente Kelly Bolsonaro.
A própria Kelly afirmou ao Radar nesta manhã de terça-feira (21) que não foi procurada nem pelos que fazem a articulação política do governo na CLDF e muito menos pelo próprio governador.
“Eu não fui procurada por ninguém”, resumiu ela. A suplente já deveria ter assumido o mandato, mas está esperando que a sua conta de campanha seja aprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral o que pode acontecer até a próxima quinta-feira.
Ao invés de manter o quadro de deputados fieis ao governo, Ibaneis teve a sua base encolhida.
A oposição comemora a falta de traquejo político e alguns aliados do governo do MDB se preocupam com a situação que tem dificultado na aprovação de projetos do Executivo pela Câmara Legislativa.
Dessa forma e pelo andar da carruagem, fica cada vez mais difícil o governador consolidar a promessa de transformar Sol Nascente /Pôr do Sol em região administrativa.