Duas semanas após a eleição da presidência da Câmara Legislativa do Distrito Federal, o presidente eleito Joe Valle (PDT), continua sendo a principal pauta política da imprensa brasiliense
a sua edição desta sexta-feira (23), o distrital disse para as jornalistas Ana Dubeux e Ana Maria Campos que Rollemberg o tratou como inimigo mortal. Disse ainda que a cidade está ingovernável e que o governador fez o jogo da velha política para ganhar a eleição na Câmara. O Radar pinçou o trecho que elegeu como o mais importante da entrevista de Joe Valle ao CB.
Por que o governador Rodrigo Rollemberg fez a escolha por Agaciel?
Foi uma escolha pessoal. A princípio, ele imaginou que eu não tinha capacidade de fazer uma Câmara do jeito que ele queria. E a nossa proposta sempre foi autonomia, com harmonia. Agora, nós temos que tomar muito cuidado porque, se a gente carrega muito na autonomia, pode estar fazendo uma oposição sistemática no processo. E se carrego muito na harmonia, posso estar sendo subserviente.
O senhor ficou frustrado quando soube que ele não apoiaria a sua candidatura?
Eu já vinha de uma outra eleição em que ele já tinha feito uma escolha pela Celina Leão e eu tinha sido relegado, mesmo sendo o nome do partido. Causa um sentimento de estranheza, um sentimento ruim, mas logo superado porque a gente entendeu que fazia parte da disputa. Ele fez a escolha pessoal e a escolha partidária.
Teve troca de cargos no governo por votos nessa campanha?
Não deve ter acontecido muito porque ele perdeu. Não deu certo. Isso mostra uma maturidade do Legislativo. Vamos analisar: por que o governador, mesmo entrando fortemente nesse mundo da política velha, de fazer esse tipo de relação, que acho que está completamente errada, perde uma eleição para alguém que não tem absolutamente nada a oferecer, além de um compromisso de trabalho e respeito aos deputados?
Com a sua eleição para a Presidência, o senhor subiu alguns degraus da vida pública. E isso o coloca em outro patamar. Já pensa onde isso pode levá-lo?
Estou muito feliz no sentido de que posso ajudar mais esta cidade. Tenho projetos para esta cidade, tenho equipe, gente que conhece e uma rede de pessoas que querem uma oportunidade para ajudar. Estou me reunindo com coletivos de cultura, do setor produtivo, atacadistas, empresários da construção civil… Estou me reunindo para dizer: “Que cidade queremos? Quem vai construir essa cidade?” Nós estamos vivendo numa sociedade do produto milagroso. Mas não tem solução mágica. É trabalho, suor e muitas lágrimas. O que quero fazer é ajudar o governador, num modelo independente, autônomo, mas harmônico a trazer essas pessoas para um pacto para Brasília e que ele seja o maestro desse pacto.
Isso é discurso de candidato ao governo?
Não, de forma nenhuma. De verdade, acho que essa cidade está ingovernável. Por isso, quero construir um pacto. Lógico, que daqui a oito anos, 12 anos, se surgir uma oportunidade e existir um grupo de pessoas e um pacto pela governabilidade e que haja uma possibilidade de governança, eu coloco meu nome sem nenhum problema. Mas não quero ser governador. Eu quero governar. Não adianta ser governador e não governar. Olha o exemplo do Rodrigo.
2017 será um ano difícil e algumas votações são fundamentais para as políticas públicas. Qual vai ser o seu papel?
Buscar consenso, com a população principalmente. A população é quem sabe o que é bom. Tenho que fazer gestão para melhorar a felicidade das pessoas. Não posso confundir austeridade com prosperidade. Não posso achar que ser austero, com contas em dia e pessoas mortas, é melhor. Temos que fazer gestão para a felicidade das pessoas e não para os cofres. Tenho que achar um equilíbrio porque a austeridade na medida errada é tão ruim quanto a falta de controle.
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