Se o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), preferiu manter os adversários bem longe da máquina administrativa, o governador Ibaneis Rocha (MDB) preferiu fazer o contrário: manteve no poder boa parte da equipe de Rodrigo Rollemberg, tido como o pior governador da história de Brasília. O surto da dengue que já matou 21 pessoas revela que a saúde, apesar do esforço do governador, continua como no passado
Por Toni Duarte//RADAR-DF
A epidemia de dengue no DF começa a assombrar todo o comando da Secretaria de Saúde, inclusive o secretário Osnei Okumoto, após o levantamento feito nos últimos sete dias e divulgado nesta segunda-feira (27).
Na semana passada o boletim da Secretaria apontava 19. 812 notificações da doença no Distrito Federal com 16 mortes. Ontem o número de pessoas infectadas é 21.360 e foram confirmadas vinte e uma mortes.
A subsecretária de Vigilância da Saúde, Elaine Morelo que estava passeando na Argentina, enquanto Brasília se transformava em campo de guerra contra a dengue foi demitida com a divulgação dos dados alarmantes.
A exoneração dela serviu para acender a luz de alerta nos principais postos de comando da Secretaria de Saúde. O mosquito pode continuar derrubando na pasta de Okumoto.
A situação do aumento desenfreado da dengue, virou uma epidemia e forçou o governo a improvisar tendas de hospitais de campanha, em várias cidades do DF, para atender a demanda de pacientes.
Se a dengue no DF proliferou esse ano, com a ajuda da população, que não cuidou do dever de casa para não deixar que as larvas não se transformasse em mosquito, por outro lado a doença se materializou pela falta de gestão que deveria ter a Subsecretaria de Vigilância, um dos braços mais importantes da Secretaria de Saúde.
Os recursos de quase 1 milhão de reais do Fundo de Saúde do Distrito Federal, para ser usados no combate as doenças como dengue, caxumba, chikungunya e leishmaniose, nunca foram usados.
O quadro de detalhamento de despesas, referente ao mês de maio, revela que o montante destinado a vigilância ambiental, que tem o objetivo de destruir o foco da doença ainda no nascedouro, tem 0% liquidado. Ou seja: a despesa está autorizada, mas nada foi empenhado.
“O dinheiro está disponível, mas a dengue está matando”, disse ao Radar uma fonte ligada a área de vigilância ambiental.
O descontrole da dengue no DF pode fazer com que o governador Ibaneis Rocha, que ainda está fora de Brasília, comece a mexer no time da Secretaria de Saúde.
O secretário Osnei Okumoto, a princípio não estaria ainda na mira do governador. Mas ele terá que mudar parte de sua equipe composta atualmente por vários aliados do ex-governador Rodrigo Rollemberg.
Quando assumiu a pasta em janeiro desse ano, o japonês justificou a manutenção de parte da equipe “socialista” para que não ocorresse a descontinuidade dos serviços prestados a população.
No governo Rollemberg, por exemplo, tido como o pior da história de Brasília, a farmacêutica Elaine Morelo exerceu um cargo de confiança como chefe da Gerência de Medicamentos e Toxicologia e da Diretoria do Laboratório Central de Saúde Pública.
Nas redes sociais, desde o início do governo Ibaneis, a turma do ex-governador deita e rola em cima de números trágicos na tentativa de desqualificar o esforço do atual governador que luta para tirar a saúde do caos.
E não é apenas na pasta da saúde que a “turma do contra” se mantém boicotando por debaixo dos panos. Na secretaria de Educação e em várias autarquias o governo ainda tem a cor amarela do PSB.
Boa parte dos que marchou na campanha vitoriosa do ano passado, encabeçada pelo ex-presidente da OAB-DF, simplesmente ficou de fora e ignorada. Um governo que ganha com uns e governa com outros pode não dar certo, dizem os mais entendidos.