Nas eleições de 2014 foram quase 50 candidatos que surgiram da Polícia Militar do Distrito Federal e do Corpo de Bombeiros. Resultado: não elegeu nenhum. A Policia Civil elegeu dois candidatos: o deputado e agente de polícia Wellington Luiz e o delegado aposentado e hoje Conselheiro do Tribunal de Contas, Dr. Michel. Em 2018 o número de candidatos pode dobrar e pela primeira vez as forças de segurança podem ficar sem representantes
Por Toni Duarte
Dois candidatos a governador, três candidatos a deputado federal, cinco candidatos a deputado distrital e um batalhão de desconhecidos, ligados ao sistema de segurança pública do Distrito Federal, já estão no jogo da disputa eleitoral do próximo ano.
Alguns estão entrando na política pela primeira vez. Outros já são conhecidos dos eleitores. O desmonte da Segurança Pública e as promessas não cumpridas pelo governo Rollemberg que beneficiariam as diferentes categorias são o mote dos discursos dos que almejam buscar um mandato outorgado pelas urnas.
Há quem estimem que as forças de segurança do DF, que reúne Policia Militar, Corpo de Bombeiros, Policia Civil e Agentes Penitenciários contam com um universo de mais de 1 milhão de pessoas, incluindo seus familiares, o que daria para eleger o governador do Distrito Federal na corrida eleitoral de 2018. No entanto, nas últimas duas eleições, o eleitorado foi pulverizado.
Desde dezembro de 2016, duas candidaturas de governador, oriundas do sistema de segurança, estão postas para a disputa do próximo ano. O deputado federal e coronel da reserva da Policia Militar, Alberto Fraga (DEM) e o ex-deputado distrital e delegado aposentado da Policia Civil, Alírio Neto (PTB).
Eles fazem parte de um grupo composto por grandes partidos, a maioria de direita, que estão unidos para derrotar o projeto de reeleição do governador Rodrigo Rollemberg.
Tanto Alírio como Fraga adotam um discurso de alerta à população de que algo precisa ser feito, de forma urgente, para conter a violência no Distrito Federal, produzida pelos efeitos colaterais da má gestão pública. Segundo eles, isso só será possível se a sociedade se unir contra Rollemberg.
Ambos também trazem o debate para dentro das corporações ao refrescar a memoria sobre as promessas feitas por Rollemberg em 2014 até hoje não cumpridas.
Por causa das duras críticas contra o governo de Brasília, Rollemberg ganhou aliados dentro do Poder Judiciário que proibiu Alírio e Fraga de fazer críticas ao governador e determinou ainda a retirada do ar da propaganda política produzida pelo PTB e DEM.
Nas corporações militares como PMDF o governador mandou às favas a tão sonhada redução do interstício (tempo mínimo que o militar fica em uma graduação).
A maioria dos 10.414 homens entre soldados e cabos combatentes da PM está envelhecendo na mesma graduação sem que a lei seja cumprida.
Nos últimos três anos, a tropa encolheu drasticamente. Quem ingressou nas fileiras da PMDF como soldado e que deveria ser graduado a cabo, após cinco anos, já atingiu 15 anos e não saiu do lugar.
No caso da Policia Civil, a categoria reivindica equiparação salarial com a Polícia Federal, que teve reajuste aprovado de 37% escalonado em três anos, a partir de 2017.
Na última proposta feita pelo GDF – e recusada pela categoria – foi proposto um reajuste dividido em cinco anos – 7% em 2017, 7,5% em 2018, 8,5% em 2019, 5% em 2020 e 4,5% em 2021.
Em agosto desse ano, deputados e dirigentes sindicais da PCDF tentaram mais uma vez um diálogo com Rollemberg, mas não houve resultado prático.
Por causa disso o boneco batizado de “Enrollemberg” pelo Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol) vai continuar sendo inflado em pontos estratégicos da cidade. A peça possui um nariz avantajado e outras características similares ao do personagem infantil Pinóquio.
É dentro desse cenário que surgem os mais diversos postulantes que dizem possuir a fórmula mágica para ajudar a melhorar as condições de vida das referidas corporações e de seus familiares.
Na Policia Militar, um batalhão de candidatos a alguma coisa em 2018, já mostram a cara nas redes sociais como Ricardo Pato, Eliomar Rodrigues, Lusimar Arruda, Coronel Leão, Coronel Jean, Sargento Airton Miranda, Sargento Geraldo, etc,etc,etc. A fila é tão grande que pode ficar mais uma vez sem eleger ninguém para a Câmara Legislativa ou para a Câmara Federal como ocorreu nas eleições de 2014.
Os que mais se destacaram na eleição passada foram o Guarda Jânio com 14.939 votos e o Sargento Hermeto com 9.664 votos e o Tenente Poliglota com quase 6 mil votos. Nenhum dos dois suplentes da PMDF ocupou vaga nesta legislatura.
Na eleição de 2014, o Subtenente Roosevelt Vilella (PSB), ex-presidente do Clube de Sargentos e Subtenente do Corpo de Bombeiros não se não se elegeu, mas conseguiu assumir o mandato de deputado distrital como suplente por alguns meses. A votação de Roosevelt foi de 8.957 votos.
O militar anuncia que vai tentar novamente pelo partido de Rollemberg, mas tem rejeição como qualquer politico e terá que dividir o espaço com o sargento Wando Lobato com forte penetração na turma dos recrutas. Ao todo, são mais de seis candidatos entre praças e oficiais que se lançarão pelo CBMDF no próximo ano.
A maioria dos candidatos das corporações militares acredita que possa se eleger apenas com os votos da família militar, o que é ledo engano. Para os mais experientes como o coronel deputado Alberto Fraga “o candidato tem que ter base eleitoral e trabalho contínuo por todo o DF”.
O deputado Federal Laerte Bessa (PR) que é delegado aposentado e ex-diretor geral da Policia Civil do DF tem a mesma convicção de que além do eleitorado de sua corporação é preciso cair para dentro das comunidades e conquistar o eleitor como tem feito durante todo o seu mandato.
A polícia Civil consegue eleger mais do que a PM. Na eleição passada elegeu Wellington Luiz, Dr. Michel e fez dois suplentes com muitos votos como Cláudio Abrantes 11.993 votos que assumiu o mandato no ano passado e o delegado Fernando Fernandes 12.079 votos.
Em 2018, tudo pode mudar com sangue novo no cenário político das forças de segurança Pública do DF. Mas pode ficar a ver navios se pulverizar demais e se o discurso ficar apenas no campo corporativo.