Radar/Opinião

Por Toni Duarte
Por Toni Duarte
Editor-chefe do Radar DF
O ASSUNTO É

GDF na contramão das políticas habitacionais

Publicado em

moradiaSegundo relatório da ONU, mais da metade da população global vive em áreas urbanas, sendo que aproximadamente um quarto dessas pessoas vivem em favelas ou assentamentos informais, razão pela qual o acesso à moradia decente para todos é uma das prioridades da Nova Agenda Urbana daquele organismo internacional, aprovada em outubro de 2016 durante a 3ª Conferência da ONU Sobre Moradia, realizada em Quito.

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whatsapp-image-2017-01-04-at-15-00-12*Por Nádia Rodrigues

aletra-dentre os 17 objetivos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU, o objetivo nº 11 visa tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis, senão vejamos: “11. 1 – Até 2030, garantir o acesso de todos à habitação segura, adequada e a preço acessível, e aos serviços básicos e urbanizar as favelas.”

Assim, é possível vislumbrar que a preocupação da agenda implementada pelos organismos internacionais, adotada inclusive pelo Brasil , além da garantia de moradias acessíveis, é a urbanização dos assentamentos e/ou favelas, visando a melhoria da qualidade de vida, o acesso às oportunidades de emprego e à vida digna, implementando projetos sustentáveis para que o meio ambiente possa ser preservado.

Segundo dados do IPEA, o Distrito Federal tem o maior déficit habitacional entre as regiões metropolitanas no país, com um índice de 115.922 moradias, o que corresponde a 13,6% do total de residências da capital.

barrinhaIgnorando completamente a preocupação mundial e toda a legislação aplicável ao caso, o Governo do Distrito Federal tem adotado uma agenda de demolição de residências, sem a implementação de qualquer programa de habitação ou mesmo política de remoção humanizada das famílias afetadas pelos atos dessa gestão, vangloriando-se em sua página oficial , que a Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) recuperou mais de 11,5 milhões de m² de área tidas como públicas.

Se levarmos em consideração apenas a operação da Agefis realizada na região do Altiplano Leste, que previa a derrubada de 200 casas irregulares , considerando uma média de 4 moradores por residência, teríamos um total de 400 pessoas desabrigadas acaso o Poder Judiciário não tivesse determinado a suspensão da barbárie. Já a operação realizada no condomínio Bouganville , levou aos destroços 22 residências, o que, com a média de pessoas já citadas, resultou em um total de 88 pessoas jogadas nas ruas. Portanto, apenas em duas operações, teríamos um contingente de 888 pessoas nas ruas, o que nos faz questionar que, em um cenário ideal em que todas essas pessoas tenham condições de alugar uma residência imediatamente após a derrubada, o mercado imobiliário suportaria essa demanda?

Contudo, ignorando essa simples conta realizada, o Governo do Distrito Federal insiste em contribuir para o aumento do déficit de moradia, ignorando a preocupação mundial quanto à criação e acesso à uma política de moradias sustentáveis, tendo, inclusive, na data de 03/01/2017, realizado mais uma demolição no Núcleo Rural Aspalha.

*Nádia Rodrigues é pós-graduada em Direito Público pela Faculdade Processus.

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