João Vicente Goulart, abre a caixa da história em suas andanças pelo país, como candidato a Presidência da República, pelo Partido Pátria Livre, para falar do legado do pai, o ex-presidente João Goulart, deposto pelos militares em 1964. Ele defende com fervor as suas propostas como as de reformas de base que não puderam ser implementadas a 58 anos passados por causa do golpe
Por Toni Duarte//RADAR-DF
Durante uma sabatina, ocorrida no último sábado (05/05), no Senadinho da Boca do Povo, do Jardim Botânico, o filho do ex-presidente João Goulart, o poeta e filosofo João Vicente Goulart, afirmou que a sua candidatura à presidência da República foi uma opção do seu partido com o objetivo de enfrentar uma desigual legislação eleitoral.
Ele afirmou que a nova regra eleitoral impõe aos partidos ideológicos e aos pequenos partidos como o PPL, a cumprirem um percentual mínimo de eleitos para atingir o número estabelecido pelos grandes partidos que dividiram, entre eles, mais de 1 bilhão e 400 milhões do fundo partidário.
Para o presidenciável, o PPL , partido de lutas estabelecidas contra a ditadura, entendeu que tinha que ter um candidato para enfrentar esse obstáculo imposto pela legislação eleitoral e lutar conta a política entreguista do país como a reforma trabalhista, a privatização da Eletrobrás, empresa criada pelo governo João Goulart.
“Vejo que o desmonte do patrimônio público está tão acelerado, tal qual como ocorreu com o golpe contra as reformas de bases de 1964. Temos, sem dúvida, o compromisso com o partido, principalmente, com a nossa história que é a de lutar contra a política entreguista que se encontra em curso no país”
João Vicente afirmou que ser candidato a presidente, mesmo em circunstâncias difíceis a qual irá enfrentar, é uma luta de Davi contra Golias, sem recursos financeiros e sem acesso à mídia.
“Queremos reeditar um projeto de Nação que foi idealizado por Jango e que foi inviabilizado pela prepotência das armas e dos coturnos”, disse o presidenciável.
Sobre o conceito esquerda&direita, João Vicente definiu como uma coisa do passado e que não cabe mais nos dias atuais.
Ele afirma que os termos estão sendo propagado por um ato de confronto no meio da sociedade brasileira do que propriamente por um ato de inteligência e sabedoria daqueles que conhecem um pouco da política nacional.
“Em 64 poderíamos classificar as lutas políticas entre direita e esquerda uma vez que nós vivíamos no mundo ideologicamente dividido. Atrás da cortina de ferro havia uma economia de Estado que era patrocinada pela União Soviética comunista e do outro lado da cortina tínhamos o imperialismo americano capitalista. Depois da queda do muro de Berlim em 89, não temos mais representantes da economia de Estado. Então falar sobre esquerda e direita é um pouco da ignorância popular”, definiu.
Sobre a candidatura do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que lidera pesquisas de intenções de votos para a presidência, quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está fora do páreo , João Vicente disse ser legítima.
“Eu me criei no exílio lutando pela restauração da democracia. Acho que o capitão Bolsonaro tem todo o direito de expressar as suas propostas, as suas teses mesmo que no meu entendimento são teses fascistas e homofóbicas que nos levam a violência. Agora é um direito democrático dele”.
João Vicente disse ainda:
“As minhas posições políticas me levam a ser um protagonista antagônico das posições do capitão Bolsonaro.
João Vicente Goulart, também se referiu a candidatura de Geraldo Alckmin, que luta para unir o PSDB, que está esfacelado com alas divididas, após os rolos que envolve o senador Aécio Neves, que sangra na boca dos tribunais dando um mal exemplo ao velho Tancredo Neves.
Sobre a prisão do ex-presidente Lula, condenado há 12 anos em regime fechado pela Operação Lava Jato, no caso triplex do Guarujá, João Vicente afirmou que existem leis estabelecidas no país e que a justiça entendeu que a prisão em segundo instancia, é válida. “Lula tem que cumprir essa decisão”, disse.
O candidato do Pátria Livre, afirmou que a sociedade brasileira tem que refutar os setores do PT que pregam por aí que a eleição sem Lula é um golpe.
Eu estou preocupado caso o PT, por exemplo, decida pregar o voto em branco até as últimas consequências e nós tenhamos no país a possibilidade de ter mais de 50 por cento de votos brancos e nulos e isso pode criar uma instabilidade política. Isso estabeleceria o caos social e uma situação perigosa a Nação.
Ao girar a metralhadora para a política do DF, o filho do ex-presidente Jango disse que o governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg, foi um covarde com a memória nacional ao anular uma cessão de uso do terreno onde seria construído o Memorial João Goulart no Eixo Monumental.
João Vicente, apontou que os recursos na ordem de R$ 18 milhões foram conseguidos junto ao governo federal e de emendas parlamentares para a construção da obra que seria integrada ao patrimônio público da população do DF.
“Muito diferente do Memorial JK, que foi uma doação de uma via pública para a família do fundador de Brasília, que conta com escritura de propriedade privada. Não seria o caso do memorial João Goulart” apontou.
O presidenciável do PPL, disse que o governador Rodrigo Rollemberg se acovardou diante da pressão feita por alguns notórios reacionários de Brasília, vetando a construção do memorial.
Destacou ainda que Rollemberg cometeu uma ingratidão e que não teve um mínimo de respeito com a memória nacional e nem com a a história de sofrimento dele própria.
João Vicente fez questão de relembrar a história de dificuldades financeiras vividas pela família Rollemberg no Nordeste.
“Foi João Goulart que deu oportunidade ao pai do governador, trazendo-o para Brasília, e o nomeando no antigo Tribunal Superior de Recursos, hoje STJ. Esse governador é um ingrato. Esse sujeito é tão pequeno que será sacado pelo buraco da fechadura da porta traseira do palácio do Buriti, nas eleições desse ano”, disse o filho de Jango.