O governo de Brasília não tem dinheiro para comprar agulhas para injetar medicação em quem precisa na Upa de São Sebastião, mas vai torrar mais de 200 milhões de reais com propaganda das ações de governo. Esse dinheiro daria por exemplo para comprar os reagentes necessários para realizar exame de sangue no Hospital de Base ou mandar concertar alguns tomógrafos que estão sem funcionar nos vários hospitais do DF. O Blog de Chico Sant’Anna deu destaque ao assunto. Replicado aqui por Radar.
epois de anunciar uma previsão de gastos publicitários da administração direta, para 2016, da ordem de R$ 100 milhões, o GDF, praticamente duplica esse valor com novas previsões. Ao longo dos meses de janeiro e fevereiro, inclusive no período ainda embalado pelas festas de Carnaval, novos valores pingaram aqui e acolá nas páginas do Diário Oficial do Distrito Federal.
São os Planos Anuais de Publicidade e Propaganda das fundações, empresas e órgãos da administração indireta, bem como da Câmara Legislativa do Distrito Federal e do Tribunal de Contas do DF.
São instituições como Detran, Caesb e Fundação Hemocentro, dentre várias outras. Contabilizando os valores divulgados até agora, o Poder Público do Distrito Federal – incluindo-se a Câmara Legislativa e o Tribunal de Contas do DF – vai gastar outros R$ 105, 5 em publicidade e propaganda. Somando-se aos R$ 99.121.086,00, anteriormente anunciados para a Administração Direta, serão R$ 204.661.666,74 (Veja a Tabela).
Política de Comunicação
Os recursos para o custeio da publicidade são obtidos por meio do pagamento pelo contribuinte de IPVA, IPTU, ISS, ICMS e outras taxas, multas e impostos. Além de ser um montante muito elevado, ultrapassando a casa dos R$ 200 milhões, quando sabemos que faltam suprimentos básicos na Saúde Pública, por exemplo, é pouco transparente o critério utilizado na distribuição desses recursos pelos diversos tipos de meios de comunicação.
É um dinheiro que irá alimentar, principalmente, os grandes meios de comunicação. A grande fatia fica com as emissoras de televisão. Mídias de fora do Distrito Federal também são aquinhoadas, enquanto outros meios do Distrito Federal são desconsiderados. Não há critérios técnicos claros. Os portais na Internet com perfis editoriais semelhantes são tratados de formas diferentes. Uns ganham mais do que outro.
Não há uma política de comunicação que vise à construção/consolidação de uma imprensa local, até como forma de gerar emprego e renda. E o mais importante: o Conselho de Comunicação Social do Distrito Federal, previsto na Lei Orgânica do DF até hoje não foi regulamentado. Provavelmente, pelo fato dele vir a se debruçar mais atentamente nos gastos publicitários do poder público, seja quem for que estiver no comando do Distrito Federal.
Postado por Radar