O início das operações de derrubadas de casas esta sob segredo. A Agencia de Fiscalização do Distrito Federal, Agefis, em sua primeira reunião do ano, definiu um calendário de derrubadas que será posta em prática a qualquer momento. A comunidade da 26 de Setembro onde vivem mais de 10 mil famílias seria o primeiro alvo. Na lista das derrubadas neste início do ano também estaria incluído a comunidade do Morro da Cruz, Capão Comprido e Vila do Boa na região de São Sebastião. Condomínios de Vicente Pires, Altiplano Leste e Sobradinho, além de 80 chacareiros no Guará também são alvos das derrubadas de casas, conforme anunciou uma fonte ao Radar.
s três primeiros dias úteis de janeiro serviram de reuniões entre a presidente da Agefis, Bruna Pinheiro e alguns coordenadores do órgão com o governador Rodrigo Rollemberg. A ideia é colocar o mais rápido possível a retomada das derrubadas de casas neste mês de janeiro e fevereiro para aproveitar o recesso parlamentar.
Na avaliação feita pelo próprio governador que comemorou o resultado das operações de derrubadas de casas realizadas pela Agefis no final do ano passado, só não foi “melhor” devido a interferência de alguns deputados distritais no processo e porque o governo tinha o interesse de aprovar o pacote de medidas na Câmara Legislativa.
O maior obstáculo para cessar as ilegais operações de derrubadas foi também vencido por Rollemberg ao convencer a deputada Liliane Roriz a esquecer de vez o PDL 53/2015 de sua autoria que determina a suspensão de derrubadas de casas sem notificações. A filha de Roriz concordou.
Na última sessão do ano de 2015 da Câmara Legislativa, na presença de 600 moradores presentes ao plenário da Casa, coube a Chico Leite (Rede) a tarefa de fazer um relatório nas coxas e anunciar que o PDL era inconstitucional. O povo se sentiu enganado e traído pelos deputados que brincam com a desgraça dos outros. A deputada Liliane Roriz não deu uma só palavra durante os debates para defender o seu projeto. Parecia que tudo estava combinado.
O vazamento do plano de derrubadas de casas a ser retomado pela Agefis neste início de 2016 contra a 26 de Setembro colocou em sobressalto toda a comunidade. Cerca de dez mil moradores não sabem o que fazer para defender as suas moradias. Na 26 de Setembro, Por do Sol, Sol Nascente e Chácaras de Vicente Pires a ordem é derrubar tudo em nome da ocupação ilegal de áreas destinadas a equipamentos públicos como ocorreu na Chácara 200.
Mas por trás dessa falácia, conforme denúncias feitas pelos moradores, está o desejo do Governo de Brasília entregar as referidas áreas a construtora Brookfield Incorporações S.A que tem projetos imobiliários para toda a região. No pacote de destruição e terror viraram alvos as comunidades do Morro da Cruz, Capão Comprido e Vila do Boa.
Rodrigo Rollemberg robusteceu o orçamento da Agefis em R$ 50 milhões para serem usados nas demolições. Os moradores do setor de chácaras de Guará onde existem 86 chacareiros assentados por Juscelino Kubitschek também estão ameaçados de serem expulsos de suas casas sem qualquer direito. No local, o ganancioso Governo de Brasília vai construir arranha-céus em parceria com construtoras.
As ameaças de derrubadas contra o condomínio Bougainville continuam. No final do ano passado, a Agefis derrubou as casas da metade do condomínio implantado e em processo de regularização há mais de 20 anos. A Agefis espera apenas que o STF negue o pedido de um habeas-corpus preventivo impetrado pelos moradores com o objetivo de fazer cumprir observância fiel às disposições contidas no art. 5°, XI, da CF/88.
Durante as operações feitas no ano passado, os moradores foram humilhados e arrancados à força de dentro de suas casas às 7 horas da manhã sem mandado judicial pela polícia para em seguida ver as suas moradias destruídas pelos tratores de Agefis. Rollemberg tenta a todo custo tirar os antigos moradores para entregar a área a OAS e a J,C. Contijo que firmaram uma PPP com o GDF na gestão passada. Como contrapartida do governo, no lugar será erguido uma parte do projeto Itaquari Etapa II, orçado em 36 bilhões de reais. As terras não pertencem a Terracap.
Como se vê, o governo de Brasília vai continuar tocando o terror contra as milhares de famílias que compram seus lotes de boa-fé e que construíram suas casas com a permissão do GDF. Nas operações de derrtubadas do ano passado, Rodrigo Rollemberg e Bruna Pinheiro comemoram o fato de ter humilhado e jogado ao relento cerca de 20 mil pessoas que ficaram sem suas casas em comunidades pobres como o Por do Sol e Sol Nascente em Ceilândia. O horror vai continuar.
Da Redação Radar