O deputado distrital Raimundo Ribeiro (PSDB), está sendo visto como a tábua de salvação dos moradores de 54 condomínios do Grande Colorado, Contagem, Boa Vista e Setor de Mansões de Sobradinho que se recusam a pagar novamente pelos lotes que residem há quase 30 anos para a Urbanizadora Paranoazinho, uma empresa paulista instalada na região em 2007.
Os moradores que já realizaram uma audiência pública, sob o comando de Ribeiro, voltam a se reunir com o deputado nesta segunda-feira (27), a partir das 19 horas, no Condomínio Vivendas Bela Vista.
O clima promete ser tenso. Em uma carta enviada ao Governo de Brasília e à Câmara Legislativa, lida na quarta-feira passada, em plenário, pelo deputado Raimundo Ribeiro, os 10 mil moradores dos condomínios da região, representados por 12 síndicos que assinam a carta, se recusam a pagar pelos seus lotes novamente por se acharem como legítimos proprietários.
“Em comprei o meu lote, paguei em 40 parcelas, moro há 26 anos no condomínio Solar de Athenas e agora somos todos surpreendidos por uma empresa que se diz proprietária da área e quer que todos paguem novamente. Não haverá acordo nesta direção”, disse Renato Machado. Ele faz parte de um grupo de síndicos que encabeça um movimento cada vez mais forte e que une os moradores dos 54 condomínios da região.
Os moradores não querem fechar o acordo porque questionam a forma como a urbanizadora conduziu o processo de regularização e reclamam da falta de participação da comunidade nas discussões sobre o projeto urbanístico os quais foram elaborados de forma unilateral, não levando em conta a opinião de quem mora lá.
ENTENDA O CASO
Os condomínios do Setor Grande Colorado surgiram por volta dos anos 80 e quem adquiriu lotes comprou diretamente das mãos de Tarcisio Marcio Alonso, um dos herdeiros do espolio de José Candido de Souza, dono original das terras.
Alonso parcelou a área e vendeu os lotes por meio de sua empresa Midas Empreendimentos Imobiliários que funcionava no Conic. No entanto, coube aos moradores dos referidos condomínios a bancar todas as benfeitorias.
A Fazenda Paranoazinho é uma gleba de terras que se encontra matriculada sob nº. 545 no Cartório do 7º. Ofício de Registro de Imóveis e que vem da matrícula 135189 do Cartório do 3º. Ofício de Registro de Imóveis do Distrito Federal.
A área é de 1.587, 8728 hectares. Pelo PDOT de 2009 situa-se em área urbana. O inventário de José Candido de Souza, um dos maiores latifundiários da região, que corria em São Paulo, foi homologada em janeiro 2010 e os bens partilhados para a Urbanizadora Paranoazinho e o herdeiro Tarcisio Marcio Alonso.
TARCISIO ALONSO SERIA SOCIO DA URBANIZADORA
A empresa Urbanizadora nega, mais os moradores acusam Alonso, de quem adquiriram os lotes, de ter se associado à empresa paulista que quer cobrar tudo novamente. Isso é uma usurpação” , reage os moradores na carta enviada ao governo.
A empresa chegou a fechar contratos com vários moradores e contou com a “ajudazinha” de alguns síndicos que permitiram a Urbanizadora a montar seus stands dentro de alguns condomínios. No entanto, a investida não prosperou.
A Urbanizadora conseguiu um feito que nenhum empreendedor de condomínios horizontais do DF conseguiu até agora dentro do GDF.
De 2007 para cá, a empresa conseguiu aprovar com facilidades projetos urbanísticos e ambientais junto aos órgãos de governo e possui forte influencia capaz de “melar” qualquer tentativa dos moradores de requererem o direito da informação juntos ao Poder Público. Por causa disso, o conflito está estabelecido. Os moradores ingressaram com inúmeras ações de usucapião na Justiça e esperam por um desfecho sobre a questão.
“SEM DIALOGO NÃO HAVERA ACORDO”, DIZ RAIMUNDO RIBEIRO
Ao receber o Radar na quinta-feira passada, o deputado Raimundo Ribeiro disse que a batalha travada entre os mais de 10 mil moradores do Grande Colorado e Contagem contra a Urbanizadora Paranoazinho não terá um fim se não houver o dialogo entre as duas partes, inclusive com atores do próprio governo.
No caso especifico do Setor Grande Colorado o deputado afirmou que há muito pontos de discórdia que devem serem analisados, inclusive pelo governo. “Existe de um lado a Urbanizadora que apresenta um documento como proprietária da terra onde parte dessa área, anos atrás, já havia sido loteada e vendida a milhares de pessoas que moram em condomínios. De fato Tarcisio Marcio Alonso faz parte da lista de herdeiros do espolio de José Candido de Souza. É como se ele tivesse vendido os lotes aos moradores para em seguida vender à mesma area a empresa Urbanizadora Paranoazinho. Se isso ocorreu caracteriza má-fé e deve ser esclarecido”. Afirmou o deputado.
Da Redação Radar