A Agefis nega. Mas os moradores da comunidade Capão Comprido, alvo das operações de derrubadas de casas denunciam que em meio ao grande contingente de policiais e funcionários da Agefis e Seops estava um grupo de presidiários da Papuda com marretas nas mãos. A função deles era de fazer o serviço pesado e sujo: o de arrombar as paredes das casas a marretadas e invadir os domicílios. Isso pode, Ministério Público?
s pesadas nuvens negras que se formaram no céu de São Sebastião, no início da tarde desta terça-feira (12), serviram de alivio a uma comunidade assustada e a beira do desespero diante da gigantesca operação de derrubadas de casas programadas pela Agencia de Fiscalização do Distrito Federal.
As 68 casas, incluindo uma igreja evangélica, a única da comunidade, deveriam ser “tratoradas” sob a alegação de que foram construídas ilegalmente. A operação foi suspensa e deve prosseguir hoje (13), se as chuvas deixarem, segundo informações do próprio órgão do governo de Brasília.
No início da noite os moradores lotaram a igreja evangélica do Capão Comprido para decidir o que fazer para pressionar o governo a parar com as derrubadas na região que se estenderá pelo Morro da Cruz, Zumbi de Palmares e Vila do Boa. De acordo com informações não oficial cerca de 500 casas seriam alvo das demolições.
Como a área é de difícil acesso o que dificulta o uso de tratores, a Agefis estaria usando um grupo de presidiários da Papuda para quebrar a marretadas as paredes das casas. O fato foi denunciado pelos moradores, mas um dos coordenadores da Agefis negou que presos da Papuda estariam a serviço do órgão.
No entanto, os advogados que buscam nesta quarta-feira por um interdito proibitório na justiça, com o objetivo de impedir que o GDF continue derrubando casas nas comunidades alvos, vão explorar em suas petições, provando por meio de fotografias que a Agefis utilizou detentos para arrombar as casas num flagrante caso de invasão a domicilio, crime previsto pelo Artigo 5, incido XI da Constituição Federal. O deputado Júlio César, líder do Governo na Câmara Legislativa, ofereceu ajuda jurídica aos moradores.
Ficou estabelecido durante a reunião de ontem a noite que os moradores não sairão de suas casas ou permitam a entrada dos agentes do Estado no domicílio. “Se houver invasão e arrombamentos vamos continuar filmando e fotografando tudo. Vamos provar que o GDF age sem notificar, bem como invade a casa do cidadão sem a devida ordem judicial”, orientou o presidente da Associação dos Moradores do Morro da Cruz, Rogério Filho.
As lideranças do Jardim Botânico, presente ao ato de protesto dos moradores do Capão Comprido condenaram a ação do governo empregadas pelas Agefis em suas operações demolitórias. A posição da AJAB (Associação dos Condomínios do Jardim Botânico) é sempre a de defender o que preconiza a Constituição Federal no inciso XI, artigo 5º: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”.
COMUNIDADE OFERECE RECOMPENSA PELO PARADEIRO DE LIRA
As redes sociais foram utilizadas pelos moradores de São Sebastião para uma campanha feita nos moldes do velho oeste americano. O procurado pelo povo está sendo o deputado de primeiro mandato Ivonildo Di Lira ou simplesmente Lira, como é mais conhecido. “Quando a população desesperada mais precisa do deputado Lira ele simplesmente desaparece e desliga o telefone. Pra que serve então um deputado como esse?”, reclamava um líder comunitário por meio do carro de som durante as operações da Agefis ocorrida ontem na comunidade do Capão Comprido.
Da Redação Radar.
VEJA O VÍDEO DA ATUAÇÃO DA AGEFIS NO CAPÃO COMPRIDO