Em uma entrevista concedida na última sexta-feira (22), à Agência Brasília , uma secretária de Justiça e Cidadania do DF, Marcela Passamani, detalhou as ações ofertadas à população, com o propósito de promover a justiça social, amparando, cuidando e acolhendo os que mais precisam do Estado.
“As pessoas sempre vinculam a Secretaria de Justiça com a parte prisional e com a questão de segurança pública, sempre esclareço que, quando estamos falando de Justiça, falamos inclusive, de justiça social”, diz Marcela Passamani.
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“E quando temos a questão da cidadania muito forte, a gente tem garantia de direito”, reforça durante a entrevista exclusiva à Agência Brasília.
Confira os principais pontos da entrevista replicada pelo #radardf :
Que balanço faz de sua gestão desde que assumiu em março de 2019?
Assumi a secretaria no dia em que a OMS sofreu uma pandemia. De lá para cá, tem sido dias de muito desafio para todos os gestores em meio a uma pandemia, um desafio para todos os gestores públicos porque sabemos que as demandas não param. E o governo tem que estar sempre em equilíbrio, dando uma resposta rápida para a população, que precisa se sentir assistida, amparada, acolhida e cuidada. É o que a gente tem feito em todos os projetos da Secretaria de Justiça e Cidadania.
Como está sendo esse trabalho num período tão difícil para todos?
Desde o primeiro momento da pandemia a Sejus atuou de maneira muito ativa com as práticas de cidadania. Lançamos o programa da Hotelaria Solidária, onde colocamos 300 idosos dentro de hotéis, garantindo realmente a segurança deles período inicial da covid-19. Foi uma solução do governo encontrado momento, quando decidimos isolar os grupos de risco. Desde o início, a Sejus tem atuado a partir de pilares: o do atendimento ao público, o de geração de oportunidades – que envolve trabalhadores presos (por meio da Funap); banco de talentos, quando atender a violência que podem romper o ciclo de agressões por meio de independência financeira; as oportunidades dos espaços socioeducativos – e, por fim, aproximando o cidadão com os programas e projetos do governo como o “Sua Vida Vale Muito”,
Então, cuidar do cidadão é uma prioridade da pasta?
As pessoas sempre vinculam a Secretaria de Justiça com a parte prisional e com a questão de segurança pública. Sempre esclareço que, quando estamos falando de Justiça, falamos inclusive de justiça social. Quando temos a oferta de cidadania, a gente tem garantia de direito. Somos uma secretaria que trata dos direitos humanos, dos públicos invisibilizados, LGBTQIA+, mulheres vítimas de violência, de idosos, dos sistemas socioeducativos, de trabalhadores presos, enfim, da cidadania.
Hoje, e principalmente num período de pandemia, podemos falar que a palavra de ordem é cidadania. É o resgate dessa cidadania quando acolhemos a população que tem sofrido tanto por perdas e abalos emocionais, financeiros e psicológicos. Resgatar e acolher essas pessoas, enquanto executivo, é garantir que o Distrito Federal seja muito melhor para você, sua família, para todos nós. E como fazemos isso? Dando uma noção de pertencimento, que é: “cidadão, esse serviço foi feito para você, nós estamos aqui para trabalhar e servir a todos”. A partir do momento que a gente aproxima essa ideia, o cidadão começa a entrar para o debate social. E queremos isso, um cidadão participativo, um cidadão que reivindique, um cidadão que fala o que precisa para o governo sanar essa demanda.
Recentemente o GDF deu abrigo a cidadãos afegãos dentro da campanha “Nós por Elas”. Como se deu essa ação?
Não é uma ação da secretaria, é uma ação de governo que envolve todas as secretarias, inclusive, o gabinete de assuntos internacionais. O que a gente faz é uma articulação. A Renata Gil, presidente da Associação dos Magistrados do Brasil (AMB), me procurou sabendo que todo o GDF, que o nosso governador Ibaneis Rocha, tem um olhar muito atento para todos que chegam aqui e ele governa para todos. Então, começamos a articulação desse acolhimento seguro para essas afegãs.
A Sejus é o órgão responsável pela parte dos refugiados aqui no DF. E quando estamos falando de refugiados, estamos falando de direitos humanos e de pessoas que são acolhidas em nosso território e que precisam ser inseridas dentro do nosso território. E isso envolve questões como saúde, educação, moradia, crianças, documentação. Essas pessoas buscam no território nacional, no Distrito Federal, esse acolhimento, esse cuidado e, principalmente, essa proteção.
De que maneira a parceria entre o ‘Na Hora’ e o BRB Serviços pode otimizar as demandas dos usuários?
O ‘Na Hora’ é um dos pilares da Sejus. É o pilar de atendimento ao público. Ele existe há aproximadamente 20 anos e sempre foi muito usado pela população do DF, mas nunca tinha tido uma grande intervenção. Nem em relação à melhoria do parque tecnológico e atendimento humanizado e, principalmente, à otimização do tempo do usuário. Quando assumi, e isso era uma prioridade na gestão Ibaneis Rocha, assumi o desafio de modernizar as unidades do Na Hora. Torná-lo cada vez mais acessível para a população do DF. E a reforma da unidade da Rodoviária do Plano Piloto coroa a parceria entre o BRB Serviços e o ‘Na Hora’. É um espaço do Governo do Distrito Federal, da Secretaria de Justiça, que agora conta com essa parceria, tendo o BRB Serviços como fonte de execução do seu atendimento, otimizando o tempo do usuário. Antes da gestão Ibaneis Rocha, o tempo de espera para atendimento era, em média, de 27 minutos. Hoje, após essa parceria com aplicativo do BRB Serviços e com todas as otimizações que agregamos, o tempo de espera será de menos de cinco minutos.
Na sequência, vamos fazer a modernização de todas as unidades, menos a de perícias (Setor Comercial Sul), que foi inaugurada em fevereiro de 2019. Estamos reformando agora a de Brazlândia e iniciaremos, em breve, a reforma da unidade de Ceilândia. Sempre lembrando que, quando a gente faz a reforma de uma unidade, os serviços daquele espaço não são interrompidos porque eles funcionam, temporariamente, em outro local.
E o ‘Na Hora Cidades’?
Foi um projeto muito exitoso quando conseguimos lançar o ‘Na Hora Cidades’, que se resume a uma agência de autoatendimento que funciona dentro das administrações regionais. Nessa parceria, levamos para o espaço a estrutura física com computadores, impressoras e, além disso, capacitamos um servidor da administração para que tivesse acesso a como proceder e orientar a população. Assim, conseguimos levar essa expansão do ‘Na Hora’ para todas as cidades do DF. A agência de autoatendimento consegue sanar, na maioria das vezes, a demanda do cidadão que não consegue, por algum problema de deslocamento, estar em outra cidade que tem o ‘Na Hora’ ou não tem acesso à internet ou até mesmo uma impressora. Uma novidade, que está em fase de licitação, é a aquisição de uma carreta para o ‘Na Hora’, de modo que a gente possa oferecer esse serviço itinerante. Estamos trabalhando muito para que esse serviço esteja funcionando em 2022.
E a campanha “Dignidade Feminina”? Ela segue arrecadando os absorventes para mulheres em vulnerabilidade?
A campanha ‘Dignidade Feminina – Da transformação de meninas a mulheres: mais cidadania e menos tabu’ já tem um foco principal nas adolescentes no período escolar. Estamos falando de um público grande aqui no Distrito Federal que está em vulnerabilidade social e que não tem acesso a absorventes. E como isso repercute? Um dado que temos é que uma a cada quatro meninas deixa de ir à escola porque não têm um absorvente. Isso soma, aproximadamente, 45 dias do ano letivo, que com certeza traz prejuízos acadêmicos e na vida adulta para essas meninas, que já sofrem, desde o período escolar, uma desigualdade de gênero. E muito mais do que não ter absorvente, essa menina, muitas vezes, não tem a orientação em casa. É comum algumas delas não terem uma estrutura familiar dentro de casa que possa garantir acesso à informação, a esse cuidado inicial neste período de transformação de meninas. E, além dessa questão da saúde pessoal, dessa higiene íntima, se fala também de bullying, de constrangimento, de vergonha, inadequação, de inferiorização, que repercute em todos os estágios e partes da vida dessa menina.
Essa campanha é uma etapa de um projeto de governo. Na verdade, existe a regulamentação de Lei 6779/2021, que já está em andamento com o direcionamento de orçamento para esse projeto. É uma campanha que realmente visa atender todas as mulheres e adolescentes em vulnerabilidade social aqui no DF.
O ‘Disque 125’ completará em novembro seis meses. Que balanço faz desse serviço?
O projeto do Disque 125 existia há dez anos e só agora, na nossa gestão, que conseguimos efetivar esse canal de denúncia. É um canal que traz facilidade para todas as pessoas que querem denunciar a violação de direitos de crianças e adolescentes. Como é um número gratuito, fácil, simples, você consegue trazer mais ao conhecimento da população esse canal de suporte, acolhimento e proteção. E sabemos que, no período da pandemia, o número de casos de violação de direitos aumentou muito. Com essa ação, conseguimos de uma forma muito assertiva, muito rápida, acionar os conselhos tutelares e todos os órgãos de proteção de crianças e adolescentes por meio de uma denúncia.
E o “Pró-Vítima”? Como estão os trabalhos deste importante programa?
Quando assumi, tínhamos quatro núcleos do “Pró-vítima” para atender todo o DF. Agora dobramos esse número, são oito núcleos, além de disponibilizar uma equipe que trabalha de forma itinerante. Toda semana, estamos em uma cidade que não possui o “Pró-Vítima” físico para que a gente possa dar suporte a essas vítimas e fazer o atendimento delas de forma presencial. Cerca de 75% das pessoas atendidas são em decorrência de violação de direitos da Lei Maria da Penha. Nós atendemos crianças e suas famílias que têm algum tipo de violação sexual e, inclusive, atendemos idosos, homens, não só mulheres. E, com essa ação, a gente sabe dessa necessidade do Estado de acolher, cuidar e proporcionar uma oportunidade de mudança na vida de todos, da sociedade. É isso que a gente faz, atendimento psicológico, assistencial, com assistente social, conseguindo direcionar as vítimas para um processo terapêutico.
Como tem sido o diálogo da Sejus com as comunidades terapêuticas?
Temos doze comunidades terapêuticas vinculadas à Sejus. Ou seja, recebem o repasse do GDF. A Sejus administra as vagas, além de fiscalizar essas comunidades terapêuticas. Temos um projeto chamado “Acolhe”, que faz essa busca ativa, a abordagem às pessoas que passam por esse problema, direcionando-as para as comunidades terapêuticas e também fazendo o acolhimento dessas famílias. Sabemos que essa questão das drogas afeta não apenas os usuários, mas todos os familiares e o nosso objetivo é amparar também as famílias por meio de psicólogos e assistentes sociais. Aqui vai mais uma vez o agradecimento ao governador Ibaneis Rocha porque, esse ano, ele nomeou mais servidores da carreira da assistência social. Servidores que direcionamos para esse programa de atendimento aos usuários de drogas. Temos um atendimento que funciona lá na rodoferroviária para toda a população do DF.