O governador Ibaneis já sabe que não pode contar com o voto do deputado governista Jorge Viana (Podemos), para ajudar a aprovar o pacote emergencial voltado para a saúde. As medidas serão colocadas a apreciação do Plenário da Câmara Legislativa nesta quinta-feira (24/01), convocada extraordinariamente pelo presidente Rafael Prudente (MDB)
Por Toni Duarte//RADAR-DF
Faltando um dia para que o Projeto 001/2019 seja apreciado pelos 24 deputados distritais, convocados extraordinariamente para votar a proposta que estende o modelo do Instituto Hospital de Base do DF, o governador Ibaneis Rocha já sabe quem pode ajudar ou não na Câmara Legislativa a tirar a saúde do caos.
A medida facilita para que o governo compre medicamentos e insumos com mais rapidez; convoque concursados; contrate novos servidores e estenda a jornada de trabalho.
O distrital Jorge Viana, que segundo fontes do Palácio do Buriti controla de porteira fechada a Administração Regional de Samambaia e tem ainda cargos na Diretoria de Enfermagem e Complexo Regulador da Secretaria de Saúde, se declarou contra a proposta do Governo.
O presidente do Sindicato dos Médicos Gutemberg Fialho (PR), que também, segundo as mesmas fontes do Buriti controla a metade dos cargos da Subsecretaria de Atenção à Saúde, também sapecou os pés contra o aumento da jornada de trabalho dos médicos neste momento que a população padece nas portas dos hospitais.
“É impossível se votar um projeto dessa magnitude, em 48 horas”, disse o presidente do Sindmédico sem se importar com a situação de milhares de pessoas (a maioria pobres) que sofrem nas portas dos hospitais do DF por falta de atendimento.
A situação do Hospital do Gama, Taguatinga e de Santa Maria é de calamidade pública. No entanto, a turma corporativista sindical da saúde demonstra não está nem aí.
Durante reunião organizada pelo Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do DF (SINDATE-DF), ocorrida nesta terça-feira (23), no Clube dos Servidores, Viana fez um discurso inflamado contra o governo por tentar mudar um sistema velho e viciado como forma de melhorar a saúde do povo.
Como presidente da Comissão de Educação, Saúde e Cultura (CESC) da Câmara, o distrital ameaçou boicotar os projetos do Executivo, caso as propostas de Ibaneis sejam aprovadas.
O distrital de primeiro mandato convocou os presentes para pressionar os deputados durante a votação.
O governista se uniu aos opositores Chico Vigilante (PT), Arlete Sampaio (PT), Julia Lucy (NOVO), Leandro Grass (REDE) e Fábio Félix (PSOL).
Visão do Editor Radar
O governador Ibaneis resolveu cumprir a promessa de que a saúde teria total atenção em sua gestão. Colocou como prioridade e botou quente para fazer virar realidade o programa SOS/Saúde.
Ibaneis apresentou um projeto para expandir o modelo do Instituto Hospital de Base para o restante da rede, mais diante da negociação com os deputados distritais ele fez modificações no texto original da proposta.
A princípio, o novo formato não será estendido a todo o sistema de saúde. Ficará limitado ao Hospital Regional de Santa Maria e às Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
Também estão incluídos o Hospital Materno-Infantil de Brasília (HMIB) e o Hospital Regional de Taguatinga (HRT).
Por trás da reação de alguns sindicalistas têm interesses e lobby a perder de vista.
É de conhecimento público que boa parte dos sindicalistas que vive reclamando a convocação de concursados tem relações mascaradas com cursinhos preparatórios.
A área de enfermagem é a que mais se beneficia dessa articulação. Alguns dos nomes ventilados são diretamente envolvidos com o movimento de pressão contra as medidas de Ibaneis que tem o objetivo de acabar com as filas nos hospitais.
Não é possível que o Ministério Público do Distrito Federal não veja ou não saiba da imoralidade praticada por alguns agentes públicos com cursinhos preparatórios e depois fazem o lobby para contratar seus concursados.
Não há dúvidas que alguns parlamentares irão espernear dentro da CLDF contra o pacote do Executivo. Mas, no caso da saúde, será um tiro no pé. A população espera ansiosa e apoia essa medida.
É a chance do cidadão comum que procura os hospitais públicos ter o direito ao atendimento rápido e eficaz.
Isso é mais forte que qualquer ideologia ou interesse pessoal deste ou daquele deputado.
É preciso um governador de coragem e que pense no povo e de parlamentares com o mesmo espírito de servir. Mesmo que isso signifique “cortar na própria carne”.
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