Com recursos de mais de meio bilhão de reais por ano, que deve duplicar com a ampliação do modelo do Instituto Hospital de Base (IHB) para o Hospital de Santa Maria e seis UPAS do DF, Francisco Araújo Filho, terá que mostrar eficiência e transparência no comando do complexo hospitalar. Desde quando foi criado em 2017, pelo ex-governador Rollemberg, a população não sabe como é gasto o dinheiro público. Os salários dos diretores ainda é uma “caixa-preta” a ser aberta
Toni Duarte//RADAR-DF
O novo Instituto Hospital de Base que virou Instituto de Gestão Estratégica da Saúde (IGESDF), mudança aprovada na Câmara Legislativa, não pode mais continuar como uma caixa fechada sem que a população tenha pleno conhecimento de como é gasto o dinheiro público.
Pelo menos é isso que sustentou Ibaneis Rocha durante a campanha eleitoral e sustenta agora como governador.
Assim como fez no Banco Regional de Brasília (BRB), ao demitir seis diretores, em menos de 24 horas, após as prisões pela PF de parte dos membros da direção do banco estatal acusados de corrupção e lavagem de dinheiro, o governador agora está focado em cima do complexo hospitalar que tem autonomia própria gerido por dinheiro público que chega a mais de meio bilhão de reais por ano.
Em 2017, ano que o IHB foi criado, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal repassou para o mesmo a quantia de R$550 milhões. Em 2018, o repasse foi para R$600 milhões e esse ano de 2019 com a extensão do modelo para o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) e as seis Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), o valor pode ultrapassar R$ 1 bilhão, segundo cálculos estimados por técnicos da saúde.
O governador Ibaneis Rocha vêm mostrando a cada ação a destreza e habilidade típicas que o fizeram referência no ambiente jurídico. O que muitos não contavam é que, essa técnica tão apurada se revelasse no campo minado da política.
Dando seguimento às ações de resgate da saúde pública, após a aprovação do Instituto de Gestão Estratégica da Saúde do Distrito Federal, o governador indicou e articulou a aprovação do novo Diretor Presidente da Instituição.
O maranhense Francisco Araújo Filho é assistente social e possui doutorado em gestão pública. Ele ainda ocupa a Secretaria Adjunta de Gestão da Secretaria de Saúde do DF.
O golpe de mestre do chefe do Executivo local é o assunto do momento em todas as rodas políticas, imprensa e redes sociais.
Ibaneis reclamou durante toda a campanha eleitoral acerca da eficiência e transparência do modelo adotado no antigo Hospital de Base criado por Rollemberg.
Com o repasse de mais de meio bilhão de reais em 2018, o Instituto arcou com as despesas de pessoal, de manutenção predial, de equipamentos, compra de insumos e materiais.
Mais de 50% dos quase 6. 000 servidores lotados no IHBDF pediram para sair quando a migração do modelo de gestão foi alterada. Logo, houve uma folga considerável na folha de pagamento de pessoal no Instituto.
Todavia, a pergunta que não quer calar é a mesma feita de modo repetitivo por Ibaneis Rocha nos debates: “qual o modelo de monitoramento das ações?” e completa: “ninguém sabe o que acontece no IHBDF”.
Agora, há a esperança do governador e a população saber dos números trancados na caixa preta do Instituto que ninguém nunca viu.
Existem lendas urbanas, principalmente no meio dos mais de 35 mil servidores da saúde do DF, que os salários praticados para as diretorias e cargos de chefia tem cifras astronômicas.
Dizem que o ex-diretor presidente faturava mais de R$100 mil por mês. O médico Ismael Alexandrino Júnior negava, mas também nunca publicou o contracheque pago com o dinheiro público.
Valores surreais que envergonhariam, dado à imoralidade de tanta bonança num ambiente com sofrimento continuado e mortes evitáveis como ocorrem na moribunda saúde do Distrito Federal.
E agora Francisco? Vai honrar a palavra do governador e dissecar as entranhas do “bicho-papão” do sistema? Os salários pagos aos especialistas do “Modelo Base” ultrapassam mesmo os valores pagos na SES?
A sociedade aguarda ansiosa a abertura da caixa preta da saúde. E Ibaneis também.