Um relatório de dezembro do ano passado, que o Radar teve acesso, feito pelo então governo de transição, revela uma situação assustadora nos maiores hospitais do DF com o risco eminente de pegar fogo. Os prédios, que juntos possuem mais de 23 mil servidores e realizam três mil e 500 atendimentos por dia, em seus prontos-socorros, são bombas-relógios prontas a explodirem em decorrência de vazamentos em suas tubulações de gás e instalações elétricas comprometidas. Tudo isso é fruto de gestões que se alternam entre os mesmos nos últimos oito anos e, parte delas, continua no atual governo
Por Toni Duarte//RADAR-DF
O princípio de incêndio ocorrido na quinta-feira passada (24/01), na área de trauma do Hospital Regional de Taguatinga (HRT), foi mais um sinal de alerta o que pode acontecer em todos os hospitais de média complexidade da rede pública do DF.
Nesta lista estão: Hospital Regional da Asa Norte, Hospital Regional de Santa Maria, Hospital Regional de Taguatinga, Hospital Regional de Sobradinho, Hospital Regional de Planaltina, Hospital Regional do Gama, Hospital Regional do Paranoá, Hospital Regional de Samambaia, Hospital Regional de Brazlândia, Hospital Regional de Ceilândia, Hospital Psiquiátrico São Paulo e HMIB.
Além do governador Ibaneis Rocha decretar “estado de emergência”, para socorrer a rede de saúde desprovida de insumos e medicamentos, a situação crítica e assustadora dos referidos hospitais, apontada por um relatório realizado em dezembro do ano passado, preocupou o novo chefe do Executivo. Os prédios se encontram com as estruturas comprometidas e caminham em direção de uma tragédia.
O relatório de alerta recebido por Ibaneis Rocha, antes mesmo de tomar posse no cargo de governador, não foi o único a ser feito para alertar o Governo do Distrito Federal (GDF) de que é preciso fazer algo urgente para evitar tragédias humanas e patrimoniais nos hospitais de Brasília.
Outro relatório de novembro de 2014, feito durante o governo de Agnelo Queiroz (PT), e ignorado pelo sucessor Rodrigo Rollemberg (PSB), apontava o risco de incêndios e explosões nos hospitais do DF, a começar pelo Hospital Regional de Taguatinga (HRT).
O relatório recomendava providências imediatas e urgentes devido a situação de risco. No entanto, nada foi feito nos quatro anos do desgoverno socialista.
Diante do quadro considerado “grave” no novo relatório feito pela transição, o governador Ibaneis, que se elegeu com a promessa de tirar a saúde do caos, resolveu encaminhar o projeto de lei à Câmara Legislativa pedindo uma convocação extraordinária e o apoio dos deputados distritais para aprovar a expansão para a todas unidades de saúde do DF, o modelo aplicado no Instituto Hospital de Base (IHBDF).
No último dia 24, no mesmo dia do princípio de incêndio no Hospital Regional de Taguatinga, que foi preciso fazer a evacuação de pacientes, a Câmara Legislativa acolheu, em parte, a proposta de Ibaneis.
Com o voto de 14 dos 22 distritais presentes, a matéria foi aprovada de forma parcial estendendo o modelo apenas para o moribundo Hospital de Santa Maria e para seis UPAS do DF.
A situação dos hospitais do Distrito Federal segue em estado de alerta. O atual Superintendente Regional de Saúde, Adriano Ibiapina que tem o Hospital da Asa Norte sob os seus cuidados tem que ficar com um olho no gato e outro no peixe.
O HRAN tem em seus porões uma bomba relógio que a qualquer momento pode ser ativada por um curto circuito provocado pelas centenas de gambiarras elétricas que se entrelaçam no meio de um enorme arquivo com papeis velhos e envolto a tubulações deterioradas. Nesse mesmo espaço do prédio funcionam as caldeiras e central de ar-condicionado. Um estopim com alto risco de ser detonado.
O Radar levantou que pelos onze hospitais de média complexidade do DF possuem cerca de 23 mil servidores e realizam três mil e 500 atendimentos por dia em seus prontos-socorros.
A capacidade de internação da referida rede é de dois mil e 300 leitos. Só de leito de UTI são 550, a maior quantidade está no Hospital de Santa Maria. Além de pacientes e funcionários transitam pelos pátios da rede pública mais de 20 mil pessoas por dia.
O aspecto dos hospitais é o pior possível.
Em comparação ao sistema prisional de Brasília, as privadas, conhecida como “boi”, usadas pelos presos são bem mais higiênicas do que os banheiros dos hospitais públicos do DF.
Uma vergonha para uma rede hospitalar que gasta mais de R$8 bilhões por ano e que em 2019 pode chegar a R$ 10 bilhões.
Salvar os hospitais de Brasília, principal meta do governador Ibaneis Rocha, também deveria ser uma luta de todos em defesa da vida.
No entanto, o interesse político, que fala mais alto, protege e preserva sempre os mesmos o que faz aumentar o risco de uma tragédia humana anunciada se as bombas-relógios não forem desativadas o mais rápido possível. Fica aqui o alerta, senhor Governador!