O nome de um farmacêutico de Mato Grosso e não de um médico do DF, para comandar a moribunda Secretaria de Saúde do Distrito Federal, serviu para que o sindicato da categoria soltasse nas entrelinhas de uma nota, publicada nesta quinta-feira (29), a ameaça de que pode sabotar a saúde pública do DF. Para essa gente, o povo é que se lasque
Toni Duarte//RADAR-DF
Ao anunciar nesta quinta-feira o nome do farmacêutico Osnei Okumoto, atual secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, para comandar a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, o governador eleito Ibaneis Rocha, mexeu nos brios e no poder de mando da poderosa categoria médica que contava que o comando da pasta seria destinado a um diretor do Sindmédico.
Há décadas que a categoria monopoliza a saúde pública de tal forma, que deixa a população refém de um sistema que dá atendimento apenas a quem tem dinheiro proporcionando o mais lucrativo dos negócios.
Na capital da República, nos últimos tempos, prolifera clinicas e hospitais particulares enquanto os hospitais públicos, mantidos pelos Sistema SUS, estão à beira da falência.
O povo não aguenta mais sofrer diante do descaso proposital que obriga o cidadão comum a implorar por socorro ou a recorrer a algum conhecido influente para ter atendimento nos hospitais da rede pública, mesmo sendo a Saúde um direito garantido pelo Estado, conforme expresso na Constituição.
Durante a campanha, o governador eleito fez da saúde a sua bandeira e cavalo de batalha ao prometer que no seu governo o povo teria atendimento médico eficaz e que o triste e volumoso índice de óbitos por mortes evitáveis seria eliminado.
Ibaneis passou 33 dias para anunciar o nome do futuro secretário de Saúde com a convicção que não pode errar e nem se distanciar do que pregou durante a sua caminhada por todo o DF.
O governador sabe que a população depende de um sistema público e gratuito de saúde.
A maioria não tem condições de pagar convênio ou passar por consulta particular e que não pode jogar milhares de pessoas fragilizadas à disposição da ganância dos que lucram explorando doenças e mazelas.
Para Ibaneis, o SUS é plano de saúde de todos os brasileiros e dos mais de 3 milhões de brasilienses.
O governador sabe ainda do tamanho da enfermidade que feriu de morte a saúde do DF.
Foi cuidadoso ao compartilhar o quadro vulnerável com o governo federal, gesto que vai muito além dos que pregam que a escolha do experiente e renomado farmacêutico mato-grossense Osnei Okumoto, tenha sido o ato de desprezo a chamada “turma da casa”. Daí a tal “surpresa” sentida por todos.
Na nota do Sindicato dos Médicos, que se anuncia como “independente”, apesar de ter convivido com a expectativa “dependente” e a certeza de quem emplacaria um preposto, tem um recado ressentido nas entrelinhas:
“Ao mesmo tempo em que se dispõe a apoiar a nova gestão no que for considerado benéfico ao resgate do serviço público de saúde do DF, o SindMédico-DF não abrirá mão de sua independência e de seu papel de lutar pelos direitos dos médicos e dos demais servidores da Saúde e pela melhoria da assistência a todos os usuários da saúde pública do Distrito Federal, exercendo o papel de crítica e de oposição a medidas que forem contrárias ao que consideramos adequado às políticas públicas do setor”, diz um trecho da nota.
O povo não aguenta mais esse repetido discurso.