Cristina Bertozzi estudou fetiches brasileiros para criações que incluem quartos ‘Cinquenta Tons’ e ‘Cabine de Avião’. Mas a suíte de motel que vem atraindo muita gente é a “Cela da Lava Jato”, novidade e custa até R$ 156 por duas horas
lém de prender políticos e empresários do primeiro escalão e dominar o noticiário dos últimos três anos, a operação Lava Jato também mexeu com o imaginário de casais do Distrito Federal e principalmente dos políticos sadomasoquistas e executivos acostumados a pular a cerca em Brasília. As investigações inspiraram a decoração de uma suíte de luxo de um motel reformada para simular uma cela.
A responsável pelo projeto é a arquiteta brasiliense Cristina Bertozzi. Com mais de 350 quartos de motel no currículo, a designer recebeu a missão de repaginar as suítes do Motel Altana, em Sobradinho. Após fazer uma pesquisa sobre os fetiches dos brasileiros, ela diz ter descoberto que “motivos policiais” despertam a curiosidade e os prazeres de boa parte da população.
“Espaços inspirados em países, como Dubai, Paris e Roma se tornaram ‘démodé’. As pessoas querem sair de casa para experimentar coisas diferentes, conhecer locais que estimulem seus fetiches.”
Ao saber desse resultado, o dono do motel pediu que a designer transformasse um dos quartos em prisão. Assim, a suíte número 8 ganhou grades de ferro, paredes de cimento queimado e recortes de jornais e revistas sobre os desdobramentos da Lava Jato.
Ao estacionar o carro na garagem, o cliente percebe que a suíte não é a melhor opção para quem busca o romantismo tradicional. Em uma das paredes, um grafite estampa presidiários dentro de uma cela. Na outra, executivos se abraçam e trocam “propina” em solo parisiense.
Subindo as escadas, três painéis com fotos dos principais investigados pela operação da Polícia Federal e com reportagens sobre o assunto acompanham aqueles que optam pelo tema. Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, o juiz federal Sérgio Moro e outros personagens da operação – Nestor Cerveró, Eduardo Cunha e Delcídio do Amaral, por exemplo – são algumas das figuras que podem encarar os amantes no trajeto até a suíte.
A capital francesa volta a aparecer no interior do quarto de quase 20 metros quadrados. A foto, no entanto, foi posicionada atrás das grades. A designer explica a escolha: “Quis simular o presidiário rico que está confinado, mas sonha estar em Paris”.
Para realizar a fantasia, é preciso desembolsar entre R$ 129 e R$ 156 – o preço varia de acordo com o dia da semana e o tempo de permanência. Além da decoração e dos itens triviais, a suíte tem banheira de hidromassagem e vista panorâmica da capital federal.
Postado por Radar
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