Candidato a embaixador nos Estados Unidos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) se envolveu indiretamente nesta terça-feira (30) em uma disputa empresarial bilionária.
O filho do presidente Jair Bolsonaro publicou em suas redes sociais uma foto ao lado de Jackson Widijaja, dono da Paper Excellence, segurando um “checão” simbólico de R$ 31 bilhões.
O encontro aconteceu durante um jantar em Jacarta, capital da Indonésia. Eduardo viajou de férias para o país durante o recesso parlamentar para surfar.
O valor se refere ao investimento que a Paper Excellence pretende fazer na aquisição da fábrica de celulose da Eldorado, em Três Lagoas (MS), e em melhorias previstas para a unidade até 2022.
O encontro de Eduardo com o empresário indonésio ocorre um dia depois de o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciar investimento bilionário para o setor de uma outra empresa concorrente.
A indústria de celulose Bracell, que pertence ao grupo RGE, do empresário também indonésio Sukanto Tanoto, fará investimento de R$ 7,5 bilhões na ampliação de uma fábrica da empresa em Lençóis Paulista (SP).
Negócio sob arbitragem
Em relação a Eldorado, o problema é que o negócio ainda não foi concretizado.
A Paper Excellence enfrenta uma arbitragem privada pelo controle da empresa contra a sócia J&F, holding que congrega os negócios dos irmãos Joesley e Wesley Batista.
Procuradas, Paper Excellence e J&F não se manifestaram.
Sem entrar em detalhes, Eduardo comenta no post sobre a disputa e lembra que o BNDES tem participação no frigorífico JBS, o principal negócio dos Batista.
Ele afirma ainda que o investimento dos indonésios na Eldorado só é possível, porque “o Brasil está deixando de ser o país da corrupção e do socialismo”.
Em 2017, os irmãos Joesley e Wesley fizeram uma colaboração premiada confessando ter corrompido diversos políticos. A delação premiada da JBS quase derrubou o então presidente Michel Temer (MDB).
Foto similar
Não é a primeira vez que a Paper Excellence tenta atrair o apoio do governo Jair Bolsonaro.
Em maio, o vice-presidente Hamilton Mourão já havia posado para foto similar com Jackson Widijaja. Os dois também seguravam um “checão”, mas com valor menor: R$ 27 bilhões.
Segundo assessores que acompanharam Mourão, Widijaja “forçou” a foto, pois não havia sido recebido em audiência.