O inquérito instaurado para investigar o episódio do esfaqueamento do deputado federal Jair Bolsonaro na tarde desta quinta-feira (6), em Juiz de Fora (MG), também vai servir para apurar possíveis falhas na segurança do candidato do PSL à Presidência da República
Se tais falhas forem comprovadas, haverá a responsabilização dos agentes envolvidos na segurança do presidenciável. Caso a conclusão isente os agentes públicos, como é provável, recomendações serão feitas para a melhoria dos serviços de segurança a autoridades.
Um especialista em segurança de autoridades, que já trabalhou nos quadros da Polícia Federal e fez escolta do Papa João Paulo II em visitas ao Brasil, apontou à coluna que “não existe segurança perfeita, mas nesse caso houve falhas na segurança”.
A fonte tomou por base as imagens de vídeos veiculados com o momento do atentado. Uma das falhas foi permitir que o candidato faça manifestações carregado em ombros para se movimentar cercado pela multidão.
“Quando o candidato fica no meio da multidão, carregado em ombros, é preciso ter uma área de isolamento para a segurança, o que não havia, para se ter um mínimo de ação de acordo com as imagens de vídeo”, detalhou a fonte.
O recomendável é o candidato se movimentar no alto de um veículo, com base em protocolos de segurança de autoridades celebrados entre as policias federal, civil e militares e as Forças Armadas,
O ideal, em grandes aglomerações, é ser criada uma área de isolamento em torno do candidato para evitar possíveis ataques. Isso não havia no evento em que Bolsonaro foi atingido, comentou o especialista.
“Esse tipo de campanha obriga que os candidatos se exponham e ficam expostos a todo tipo de atentado e violência”, observou a fonte, sem poder avaliar se o efetivo disponibilizado para a segurança do candidato era relevante.
Fontes da Polícia Federal apontam que os candidatos, de modo geral, resistem em seguir as orientações de segurança que os afastam do contato com os eleitores.
Em especial, no caso de Bolsonaro, havia essa resistência pelo fato de ele contar também com a ajuda espontânea de militares engajados na campanha.
Em nota, a PF informou que “o candidato à Presidência da República Jair Messias Bolsonaro contava com a escolta de policiais federais quando foi atingido por uma faca durante um ato público na cidade de Juiz de Fora/MG”.
O ministro Raul Jungmann ( Defesa) acionou o diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, para formar a segurança dos candidatos, conforme determinação do presidente Michel Temer. Também a Força Nacional vai participar da missão.
A missão é incorporar policiais especialmente treinados para a função de proteger autoridades da PF nas unidades de Brasília, Rio e São Paulo. A Guarda Nacional ficará encarregada de fazer o isolamento do candidato em aglomerações.
Depois de ser submetido a quatro horas de cirurgia, na Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, Bolsonaro ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em quadro estável. A previsão para voltar a se recuperar é de pelo menos dez dias. Nesse período, terá de parar sua peregrinação pelo País.
Fonte: Diário do Comercio