Após receber portas fechadas da maioria dos partidos do Distrito Federal que poderiam acolher sua pretensão de ser candidato ao governo em 2026, o ex-governador José Roberto Arruda começa a pregar por aí que terá apoio incondicional do Solidariedade, partido que tem o ético e ex-senador José Antônio Reguffe como seu principal líder.
Aliás, o Solidariedade e o PRD, que formam uma federação partidária, seriam o último bastião de Arruda em relação a uma possível candidatura ao Palácio do Buriti.
A maioria dos partidos do Distrito Federal descartaram o projeto político pregado por Arruda nos últimos dias, de ser candidato a governador em 2026.
O problema estar na insegurança jurídica que permeia a vida conturbada do ex-governador, o que desestimula as legendas a embarcar em uma barca furada, como ocorreu em 2014, 2018 e 2022, quando, de última hora, sua candidatura naufragou por chuvas de decisões judiciais.
É notório que Arruda tem uma ficha pregressa recheada de processos, a maioria sob acusações de corrupção.
Partidos como o PSD, de Gilberto Kassab, onde Arruda tentou passar a rasteira em Paulo Octávio, presidente da legenda local, disseram “não” ao ex-governador.
O acolhimento que o PSD ofereceu a Arruda, caso ele se viabilize junto ao Judiciário, seria apenas uma vaga para disputar a Câmara dos Deputados.
Aliás, os partidos estão mais interessados em eleger deputados do que gastar recursos com candidatos ao governo.
É por isso que, desta vez, o próprio Paulo Octávio, que disputou o Palácio do Buriti em 2022, deve concorrer a um mandato de deputado federal, atendendo a uma das exigências de Kassab, mais preocupado em aumentar o já “gordo fundo partidário” do que perder tempo com uma candidatura ao Buriti.
Antes, Arruda chegou a tentar vender seu projeto ao PL, mas também não houve química: o partido de Valdemar Costa Neto, Bolsonaro e Michelle Bolsonaro já tem compromisso com a candidatura de Celina Leão (PP), que disputará a reeleição com apoio integral do governador Ibaneis Rocha.
Este, por sua vez, deixará o governo para concorrer ao Senado ao lado de Michelle.
Voltando ao “namoro” entre Arruda e Reguffe, ninguém sabe até agora qual será a postura pública do ético ex-senador em relação ao não ético ex-governador, que tenta voltar à cena política de onde foi expulso após o escândalo de 2009.
Se Arruda realmente estiver conversando com Reguffe sobre uma possível candidatura pelo Solidariedade/PRD, fica o questionamento: a que ponto chegou a política brasileira, em que a banalização da corrupção tornou-se irrelevante, até mesmo para políticos que se consideram moralistas, como José Antônio Reguffe?
A recente aprovação da chamada “PEC da Bandidagem” pela Câmara dos Deputados, aliada à mutilação da Lei da Ficha Limpa, uma conquista de iniciativa popular, criou um terreno fértil para a perpetuação de políticos com manchas criminais.
É nesse contexto que José Roberto Arruda tenta pavimentar seu retorno à política, aproveitando-se de um sistema que parece cada vez mais tolerante com a roubalheira.
A pergunta que fica é: o Distrito Federal e o Brasil estão dispostos a aceitar essa realidade?