Você já parou para pensar que o vale-gás é muito mais do que um benefício social? Claro que a princípio estamos falando de um programa social do governo, repassado em forma de recurso financeiro.
Agora reflita comigo: quem não tem condições de comprar outro botijão de gás no intervalo entre a data de recebimento dos vales, acaba utilizando o fogareiro a álcool – por ser um recurso mais barato. Só que aí reside um grande problema… O álcool é altamente inflamável e aumenta muito o risco de queimaduras para quem cozinha e também para o restante da família.
As mulheres geralmente são muito afetadas, por serem as que mais cozinham. Às vezes, uma outra dura realidade são crianças que ficam responsáveis por preparar o alimento para os irmãos menores e também ficam muito expostas a esse tipo de acidente.
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Vamos aos dados: a queimadura é reconhecida mundialmente como um dos traumas mais graves em razão ao seu impacto socioeconômico.
Elas podem resultar em morte e os sobreviventes às vezes sofrem inúmeras consequências, como: dor crônica, sequelas físicas incapacitantes, sofrimento psicológico, desfiguração física e imagem corporal negativa (que afetarão o indivíduo e seus familiares por muitos anos).
No caso das crianças, as queimaduras são a 4ª causa de morte entre menores de 14 anos – algo de partir o coração e que pode ser evitado!
Estudo realizado no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), aqui em Brasília, mostrou que quase metade (46%) das queimaduras aconteceram por acidentes domésticos.
O agente causador mais comum foi de origem térmica, em associação aos agentes inflamáveis. E entre os agentes inflamáveis, o álcool foi o de maior destaque (65,71%).
No Brasil, dados do Ministério da Saúde indicam que, a cada ano, o Sistema Único de Saúde (SUS) gasta cerca de R$ 55 milhões no tratamento de vítimas de queimadura.
Ou seja, ampliar o benefício do vale-gás para compra de um botijão por mês é um investimento na saúde preventiva de diversas pessoas. Isso é saúde pública, é ter foco na prevenção de acidentes.
Mais do que combater a fome, precisamos garantir que o cozimento de alimentos seja realizado de forma segura – principalmente no caso de mulheres e crianças.
Por isso defendo que o vale-gás seja ampliado e concedido aos beneficiários de baixa renda uma vez por mês. É o mínimo que podemos fazer para dar mais qualidade de vida a essas famílias.
*Marli Rodrigues é servidora aposentada da Saúde, Presidente licenciada do SindSaúde DF e pré-candidata a Deputada Federal (MDB)
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