A equipe médica do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) se surpreendeu, na quarta-feira (28), com o nascimento de um bebê com epúlide congênita do recém-nascido, um tumor benigno raro na boca. Existem apenas 250 casos registrados na literatura desde sua primeira descrição.
A equipe obstétrica e pediátrica da unidade se mobilizou, pedindo pareceres a especialistas até chegar ao diagnóstico. Menos de três horas após o parto, a cirurgia foi realizada com sucesso.
A anomalia não foi detectada no pré-natal ou em exames de imagem. “Sete dias antes do parto eu fiz uma ecografia e não apareceu nada. O médico falou que estava tudo normal. Eu não vi na hora, porque quando ela nasceu colocaram ela de ladinho. Só vi que ela não chorou muito, e foi bem baixinho. Depois me falaram e me mostraram”, relata a mãe da criança, Marina Lima de Castro Rodrigues, 27 anos.
Ela recorda: “Os médicos me explicaram como seria o procedimento e trouxeram minha filha para eu ver, mas ela ainda estava sedada”. Passado o susto inicial, Marina revela que conseguiu se emocionar com tudo apenas à noite, quando ficou só.
“Foi aí que eu chorei, mas, ao mesmo tempo, fiquei calma porque deu tudo certo. Ela nasceu às 16h e pouco depois das 18h já tinha passado pela cirurgia”, emociona-se, ao relembrar os momentos iniciais. Julia nasceu saudável, com 3.275 Kg e medindo 50 cm.
Dois tumores
De acordo com a equipe de Odontologia, o caso se torna mais raro por apresentar dois tumores. “Os tumores impediam qualquer possibilidade de alimentação sem a ajuda de uma sonda”, declarou o odontólogo Daniel Ribeiro, que trabalhou com a colega Natália Marreco Weigert no processo operatório.
“Clinicamente, na maioria dos casos, apresenta-se como um nódulo localizado na região anterior da maxila, podendo causar dificuldades respiratórias e alimentares”, reiterou Natália. A bebê também passou por uma frenectomia, pois foi diagnosticada com língua presa, o que também prejudica a mamada no seio materno.
A pediatra Lorena Cavalcante Morett foi uma das primeiras a visualizar a anomalia.
“A bebê não teve o diagnóstico no pré-natal e, quando nasceu, verificamos aquela lesão de gengiva. Pedi um parecer da Odontologia. A doutora Natália avaliou e fez a incisão no mesmo dia. Foi tudo muito rápido. A mãe ficou satisfeita porque, em cerca de duas horas, já havia retirado o tumor. A equipe da Odonto foi muito eficaz, gentil e resolutiva”, conta Lorena.
Trabalho em equipe
Além da médica pediatra e dos dentistas, também participaram dos primeiros momentos de vida da Julia a obstetra Patrícia Santos Tavares, a fisioterapeuta Imna Pereira Graciano Miranda, a coordenadora da Iniciativa Hospital Amigo da Criança, Elenilda Muniz, e a equipe de enfermagem.