O Ministério da Saúde admitiu na última semana que o Brasil enfrenta uma epidemia de sífilis. Entre junho de 2010 e 2016 foram notificados quase 230 mil casos novos da doença no país, de acordo com o último boletim epidemiológico do governo federal. No DF, a Secretaria de Saúde informa que durante o ano de 2015 foram registrados 1.086.
egundo o ministro da Saúde, Ricardo Barros, nos últimos cinco anos, a doença avançou de uma forma nunca vista. “Os dados mostram que os casos subiram em número significativo. Estamos tratando o problema como epidemia até para que resultados da redução sejam mais expressivos possíveis”, disse o ministro.
Três em cada cinco ocorrências (62,1%) estavam no Sudeste e a transmissão de gestantes para bebês é atualmente o principal problema. A situação foi qualificada como “epidemia” somente agora, mas vem se desenvolvendo há mais tempo.
Em 2015, por exemplo, no país todo, foram notificados 65,878 casos. A maioria desses ocorreu na região Sudeste (56,2%) e afetou pessoas na faixa etária dos 20 aos 39 anos (55%), que se autodeclaram da raça branca (40,1%). Não há dados majoritários sobre o nível de escolaridade, pois em 36,8% dos casos reportados essa informação não foi preenchida.
Em 2010, a incidência da doença em homens era maior – cerca de 1,8 caso para cada caso entre mulheres. Essa média caiu para 1,5 homem/mulher em 2015. Ou seja, as mulheres são o grupo cuja vulnerabilidade vem aumentando. Os casos de sífilis congênita, de transmissão da mãe grávida para o bebê, também cresceram expressivamente.
No ano passado, a cada mil bebês nascidos, 6,5 eram portadores de sífilis. Somente cinco anos antes, em 2010, esse número era de 2,4 bebês em cada mil nascimentos. Ou seja, a incidência da sífilis congênita praticamente triplicou em meia década.
Distrito Federal
Dados da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), mostram que de janeiro a outubro de deste ano, já foram notificados 1.018 casos de sífilis adquirida. Durante todo o ano de 2015 (janeiro a dezembro) foram registrados 1.086. Confirmando a tendência de crescimento verificada nos últimos anos, tanto em homens, quanto em mulheres.
Entre as gestantes também foi observado crescimento. No ano de 2015 foram notificados 283 casos. Em 2016, nesses 10 meses, 222 pessoas contraíram a doença. Consequentemente, no mesmo período, a sífilis congênita também cresceu em Brasília. Esse ano 168 casos e 2015, 185.
Tratamento
A prevenção continua sendo a melhor arma contra a doença, principalmente com o uso de preservativos. É fundamental o diagnóstico precoce e para isso o teste de sífilis está disponível em toda rede pública de saúde, para adultos e no pré-natal.
O tratamento tem duração de três semanas e o paciente recebe acompanhamento médico até constatar a cura da doença. Toda medicação é fornecida pelo serviço saúde.Nas gestantes, a Secretaria de Saúde ressalta a importância de tratar não só a mulher, mas, também o parceiro sexual, para evitar reinfecção e transmissão ao bebê. Para intensificar o combater a doença, a SES-DF, vai reforçar as testagens nas unidades de saúde do DF.
A doença
Sífilis é uma doença infecciosa sistêmica, crônica. Ela se manifesta em diferentes estágios. Sem tratamento, apresenta evolução em fases: inicialmente com feridas na pele, pode evoluir para complicações que levam ao óbito, podendo afetar o sistema cardiovascular e neurológico. A causadora da doença é a Treponema pallidum , uma bactéria espiralada altamente patogênica. A sífilis é uma infecção muito antiga e recebeu inúmeras denominações ao longo dos séculos.
Você precisa fazer login para comentar.