O parcelamento de salários que será feito ainda este mês para os servidores que ganham acima de R$ 7,5 mil teve um alvo para ferir de morte: os mais de 30 mil médicos da rede pública de saúde do Distrito Federal que são acusados, pelo governador Rodrigo Rollemberg, de “nadar em dinheiro sem trabalhar”
Os Conselheiros do Tribunal de Contas do Distrito Federal, membros do Ministério Público de Contas e os procuradores do GDF além de outras categorias da “panelinha” do governo, estão de fora da lista dos servidores públicos que terão os salários parcelados, medida instituída pelo governador Rodrigo Rollemberg a qual passa a vigorar a partir deste mês. A justificativa do privilegio é de que essas categorias são de “caráter especial”.
No entanto, a medida anunciada no início da semana pelo governador sob a justificativa que não tem dinheiro suficiente para pagar a folha do GDF, tem um endereço certo: os mais de 30 mil médicos da rede pública de saúde do DF.
O motivo estaria na reação da categoria que se posicionou contra a criação do Instituto Hospital de Base, bem como nas denuncias do desmonte total do sistema de saúde onde faltam insumos e medicamentos e o sucateamento dos equipamentos das unidades.
Em junho passado, o governador Rodrigo Rollemberg partiu para o confronto e atacou sindicatos ligados à área da saúde. O ataque de fúria do governador contra a classe médica de Brasília aconteceu durante um evento em Ceilândia. O governador detonou com a categoria e culpou as entidades pela falta de médicos nos hospitais. Disse também que eles atuam contra a população.
“Quanto ganha o presidente do Sindicato dos Médicos [Gutemberg Fialho], sem trabalhar. Veja quanto é o salário dele. Na rede privada ele trabalha, mas na rede pública ele não trabalha. São essas pessoas que estão impedindo o governo de melhorar a saúde”, acusou Rollemberg.
O tiro dado por Rodrigo Rollemberg, para atingir uma única categoria, pode sair pela culatra. A situação pode levar os profissionais a deixarem o serviço público. Nem mesmo o salário inicial de R$ 13,2 mil, para 40 horas semanais de trabalho, tem atraído médicos para a Secretaria de Saúde.
“Imaginem agora, com os profissionais recebendo “vale” como salário por causa da birra de um governador que não teve a competência de tirar a saúde pública da UTI e que tem levado pacientes pobres para o cemitério”, apontou Marli Rodrigues, presidente do Sindsaúde.
EM TEMPO: Os trabalhadores ligados ao Sindsaúde não foram atingidos pela medida de parcelamento de salário adotado pelo GDF por receberem a baixo do R$ 7, 5 mil.