Por Toni Duarte
Para o médico Jofran Frejat, a entrega do Hospital de Base para ser gerido por uma organização social, cujo projeto foi aprovado pela Câmara Legislativa na última terça-feira (20), é uma declaração de incompetência do governo de Brasília para administrar o sistema de saúde do DF
Procurado por Radar nesta quinta-feira (22), o médico e ex-secretário de Saúde do Distrito Federal, Jofran Frejat classificou como “uma coisa curiosa”, a determinação do governo de Brasília de entregar o Hospital de Base para ser administrado por uma organização social.
“Se o governo vem a público e diz que não tem como administrar o Hospital de Base ele está reconhecendo a sua incompetência administrativa para cumprir um dos mais importantes compromissos feitos por qualquer governante: cuidar bem da saúde pública”, apontou Frajat.
Frejat que disputou o governo do DF em 2014, arrebatando 44,44% dos votos válidos no segundo turno das eleições, disse não ter nada especificamente contra as organizações sociais.
“Uma ou outra funciona corretamente. No entanto, não tem sido essa a regra. Em geral, o que se viu foi uma sequencia de escândalos de corrupção em vários lugares como no Maranhão, em Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro e no Amazonas”, apontou,
Para Frejat, o governo vende a ideia para a sociedade de que o HB será administrado por uma empresa sem fins lucrativos. “Não dá para imaginar que alguma entidade sem fins lucrativos funcione sem o interesse pecuniário, ou seja, sem dinheiro”.
Ele prevê que os problemas no Hospital de Base tendem aumentar no atendimento da atenção primária, já que esse tipo de atendimento não interesse a uma organização social. “O que interessa para essas entidades são os transplantes, o tratamento de câncer e cirurgias cardíacas por que é isso que dá dinheiro e notoriedade”.
O ex-secretário de Saúde que na década de 70 introduziu no DF um modelo inspirado no sistema de saúde inglês, regionalizado e hierarquizado, a partir do “médico de quarteirão”, que corresponde ao médico da família, afirmou ser uma falácia do governo ao justificar que a transformação do Hospital de Base, em Instituto, seria uma forma de tornar as compras de medicamentos e equipamentos mais ágeis.
Frejat afirmou que as compras sem licitações já ocorrem desde o início do Governo e conta para isso com a chancela dos órgãos de controle e que em toda a história do Poder Executivo do DF, o atual governo é quem mais se utiliza dos decretos de compras emergenciais para o setor da saúde.
O renomado médico alertou para um fato em que os quase 3.500 servidores do Hospital de Base ainda não atentaram. Segundo ele, quem não aderir pelo contrato de trabalho (CLT) proposto pelo GDF, pode ser colocado em um quadro em extinção qualquer no mesmo formato como ocorreu com os servidores do antigo INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social).
“Discriminados do ponto de vista do acesso aos processos de capacitação e requalificação profissional, os servidores perderam seus direitos e garantias tendo se aposentados com uma merreca. Isso pode acontecer com os servidores do Hospital de Base”, apontou Frejat