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Qual é a conduta que devemos ou queremos ter e para quê?

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Dizer que temos vivido tempos estranhos já não é novidade. Estão se tornando rotina a intolerância, a insegurança, a incerteza, o medo, a desfaçatez, a mentira, o abuso, a violência. A injustiça e a impunidade não são novidades. Apenas estão mais ousadas.

Isso não é um desestímulo à moralidade, à decência, à honestidade. É um desafio. É a eterna luta entre o bem e o mal, o bom e o mau, quer queiram ou não os que costumam rotular as pessoas, por uma frase, um ato. No caso, essa afirmação seria maniqueísta, uma perspectiva simplista da vida.
É claro que não se trata disso, de dividir o mundo entre pessoas boas e más, do bem e do mal. O ser humano é por natureza complexo, biológica e psicologicamente. Seu DNA traz ingredientes de como será ou poderá ser.

Sua gestação, alimentação, educação, ambiente, tudo contribuirá para a formação de seu caráter. É a isso que o espanhol Ortega y Gasset já disse, num resumo irrefutável do óbvio: o homem é ele e suas circunstâncias.

Esse conjunto de fatores constrói as personalidades, que, no convívio social, fazem bem ou mal para o mundo, consciente ou inconscientemente. Quer queiramos ou não, é isso o que acontece, embora não haja necessidade de catalogar-se cada conduta.

O bem e o mal, o bom e o mau revelam-se independentemente da vontade alheia e da perspectiva de quem faz essa avaliação. E se nunca houve um consenso sobre isso, essa hipótese está cada vez mais distante, porque as referências estão sendo mudadas. Para o bem ou para o mal?

Na reunião da segunda semana do mês de fevereiro de 2023, a rotariana Adriana Guimarães, do RC São Luís Praia Grande, na meditação que faz parte da pauta, falou exatamente sobre o legado que cada pessoa deixa ou pretende deixar, de como quer ou será lembrada, após sua morte.

Ou seja, qual é a conduta que devemos ou queremos ter e para quê? Essa conduta – ainda que seja a omissão -, queiramos ou não, terá repercussão.

Para onde caminhamos, é uma incerteza. Até as religiões, que são um abrigo para angústias, estão ameaçadas, perseguidas, como já o foram em outras épocas. Elas mesmas se digladiam, ignorando o fundamental em todas elas: a fé.

Não só praticar, mas assumir uma religião não enseja apenas chacotas, mas agressão, violência. É preciso mais do que fé para praticar a religião. É preciso coragem. Passou a ser uma atividade de risco. Como falar, também. Há esperança?

Anthony Ray Hinton, condenado à pena de morte no Alabama, nos Estados Unidos, acredita que sim. Libertado dia 3 de abril de 2015, após quase trinta anos numa cela no corredor da morte, restou provado o erro de identidade. Escreveu um livro – O sol ainda brilha (Vestígio, São Paulo, 2019). No epílogo, diz:

“… o arco moral do universo tende para a justiça, mas justiça precisa de ajuda. A justiça só acontece quando pessoas de bem se erguem contra a injustiça. O arco moral do universo precisa de gente para apoiá-lo em sua tendência. E, sim, ele precisa também que as pessoas escolham um lado.”

*Carlos Nina é advogado e jornalista. Mestre em Direito Econômico e Político (Mackenzie, SP). Pós-doutorado (Messina, Itália). Presidente da OAB-MA (1985/1989). Conselheiro Federal OAB (1998/2004). Promotor de Justiça (MA, 1980/1984). Juiz Estadual (1991/1996). Membro fundador do Instituto dos Advogados do Maranhão, da Academia Maranhense de Letras Jurídicas e do Instituto Maranhense de Direito Comparado, do qual é o presidente. Presidente do Rotary Club São Luís Praia Grande (2022/2023).

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